terça-feira, 18 de março de 2008

tempos e espaços nas artes visuais

Quando penso em espaço nas artes visuais penso em três sentidos, o espaço que possibilita a arte, o espaço que afirma a arte e o espaço para ensinar arte.
O espaço que afirma a arte são os espaços (re) conhecidos como museus, memoriais, patrimônios históricos, galerias... que de fato afirmam que as obras expostas e/ou à venda nas suas instituições são arte. O tempo nesses espaços influencia muitas vezes no valor da obra. Obras antigas são mais caras que as mais recentes. Claro que outros fatores também influenciam no valor final da obra como assinatura, autor, material... Um quadro assinado tem mais valor; uma gravura com o número e a assinatura também. Um detalhe curioso é que antigamente, o artista só era valorizado uns 100 anos depois de sua morte. Hoje, alguns conseguem se destacar antes da morte, mas às vezes não passam de um simples nome em uma lista de artistas do ano tal no lugar tal. A cena artística em Porto Alegre é extremamente pequena e a procura por ela praticamente não existe. É necessário se destacar bastante para ser reconhecido. Ainda que existam grupos, que apesar de isolados, façam ótimos trabalhos.
O espaço que possibilita a arte são os espaços que cada artista dispõe para trabalhar. Isso inclui um ateliê, uma oficina, uma sala, um espaço que dê suporte onde ele encontre todas as matérias e materiais necessários à realização da sua obra. O espaço que possibilita a arte também pode ser um lugar público, uma praça, um shopping, onde podem ser feitas encenações, performances, etc. Essas performances podem ter um registro fotográfico que, por sua vez, pode ser comercializado depois, o que não substitui o “valor” de assistir a performance ao vivo.
O espaço de ensinar arte, para mim compreende as escolas, os ateliês, as faculdades... Mas eu acredito que ainda temos que lutar muito por um espaço melhor na escola, onde nós, das artes visuais, dividimos espaço e tempo com música, dança e teatro. E ainda está surgindo e se afirmando o EAD (Ensino à Distância), que eu ainda não consegui aceitar ou compreender, porque as artes visuais compreendem uma aprendizagem presencial, onde as pessoas desenham, fazem esculturas, gravuras, etc. E como seria possível ensinar e acompanhar o trabalho de uma pessoa dessa forma? E como seria possível formar um professor dessa forma? Acho que o contato físico é muito importante para quem quer ser professor. Imagina para o pessoal do teatro?
Hoje em dia, com o avanço das tecnologias, as artes podem ser presenciadas em qualquer lugar e de qualquer forma. Em seguida vou postar um texto que vai facilitar essa visão. Mas até onde vai ou pode ir a arte e/ou as tecnologias?
Ás vezes me pergunto por que nós que queremos fazer arte ou filosofia somos obrigados a estudar química ou biologia, por exemplo, enquanto quem quer fazer biologia não é obrigado a estudar história da arte? É uma questão de cultura. Talvez com o ensino de arte, os monumentos e a própria arquitetura da cidade não fique tão depredada como é agora e as pessoas poderão se expressar de uma forma menos perturbadora visualmente para a sociedade.
Acredito que a educação seja a saída, mas não do jeito que ela é hoje. Ela deve ser modificada, adequada à natureza do estudante, sendo um espaço aberto ao real, ao que os alunos vivem. Para os novos professores resta ter criatividade, disponibilidade e vontade de conquistar os seus alunos e fazer de suas aulas algo que eles realmente queiram viver.


Esses dias li a seguinte frase, mas não lembro muito bem quem a disse (acho que foi Marcuse). Quem souber por favor ajuda!

“A arte pode não mudar o mundo, mas pode mudar as pessoas que podem mudar o mundo."

3 comentários:

vickmendonça disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
vickmendonça disse...

Olá, achei muito interessante certos pontos ressaltados no teu post, como por exemplo:
Como será um ensino a distância de artes?! De fato, isso é algo que eu já me questionei e não consegui a chegar a nenhuma conclusão se não a de que NÃO EXISTIRÁ ensino de artes a distância, mesmo que a nossa tecnologia permita videoconferências, fotos cada vez mais semelhantes a visão ao vivo e o "ao vivo" esteja cada vez mais presente na nossa realidade, não acho possível se ensinar e avaliar trabalhos artísticos sem ser com a presença física dos mesmos. Podemos achar geniais certas obras, apenas assistindo-as pelo computador, mas, isso retira totalmente a responsabilidade do professor. Pensando na impossibilidade do ensino de artes via tecnologia, percebo que as pessoas que veêm o ensino a distância como única alternativa de graduação, não procurarão as artes, diminuindo cada vez mais o número de professores de educação artística e até mesmo de artistas qualificados pela academia. À partir do momento que o ensindo a distância for uma realidade mais comum, a arte será menos... Pra que lugar irá a arte? Dominará o mundo, a arte digital? A arte digital também é expressão de criatividade (e muita), portanto deve ser valorizada, porém, cada um tem a sua arte (alguns até mais de uma) mas, que opções serão dadas? Será, então, a única arte disponível?
Outra questão levantada foi a de por que devemos aprender química e matemática, para fazer artes e eles não devem aprender artes para fazer química ou matemática... Acho, sinceramente que a resposta está presente no nosso cotidiano... a arte está presente? ou se está, é reconhecida como tal?
Ainda não conseguimos impor a nossa importância, nem todo mundo vê a importância da arte para o desenvolvimento da visão crítica, da criatividade, da coordenação motora, da concentração. Enquanto as artes forem "extras" elas serão consideradas "desimportantes". Agora, quem mudará isso?!

camila galarza disse...

Eu tentei entender o ensino à distância. Depois de ouvir algumas explicações de uma professora do Instituto de Artes, eu passei a entender esse ensino. Ele vai ser criado no IA com a finalidade de formar os professores, que dão aula de artes, em arte, para que eles fiquem de acordo com a lei. O ensino consistiria em apostilas via internet, professores on-line para dúvidas e um pólo com professores disponível para que os alunos possam trabalhar, tirar dúvidas e expor também. A professora estava realmente muito empolgada com esse ensino, e a dedicação à ele é bem grande. Mas eu me pergunto, porque fazer outro curso, basicamente de especialização, quando os cursos do IA estão “capengas”? Acredito que isso vá contribuir bastante para a desvalorização da arte. E penso, no futuro, quem terá prioridade um professor formado em sala de aula, ou um professor formado através do computador?