terça-feira, 4 de março de 2008

Novos tempos e espaços

2008. Novo ano letivo. Nova turma. Novos tempos e espaços. As perguntas continuam: que outros tempos e espaços podem atravessar as fronteiras da escola? Quais as possibilidades de inventar outros tempos e espaços na escola? O convite a pensar é este.

Alguns fragmentos de texto para pensar:

“Em termos do espaço e do tempo, a escola moderna foi sendo concebida e montada como a grande – e, (mais recentemente) a mais ampla e universal – máquina de fazer, dos corpos, o objeto do poder disciplinar; e, assim, torná-los dóceis. As conseqüencias disso – seja ao nível individual, seja ao nível populacional – foram imensas. Mas e agora? Diante de todas as grandes e rápidas modificações por que está passando o mundo, qual a importância de continuar fabricado corpos dóceis? E mesmo que isso seja necessário, que papel terá a escola nessa fabricação?”

VEIGA-NETO, Alfredo. Espaços, tempos e disciplinas: as crianças ainda devem ir à escola? In: Alves-Mazzotti, Alda Judith et al. Linguagens , espaços e tempos no ensinar e aprender/Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino (ENDIPE). Rio de Janeiro: DP&A, 2000. p.9-20.


(...) O jardim dos caminhos que se bifurcam é uma imagem incompleta, mas não falsa, do universo tal como o concebia Ts’ui Pen. Diferentemente de Newton e Schopenhauer, seu antepassado não acreditava num tempo uniforme, absoluto. Acreditava em infinitas séries de tempos, numa rede crescente e vertiginosa de tempos divergentes, convergentes e paralelos. Essa trama de tempos que se aproxima, se bifurcam, se cortam ou que secularmente se ignoram, abrange todas as possibilidades. Não existimos na maioria desses tempos; nalguns existe o senhor e não eu. Noutros, eu, não o senhor; noutros, os dois. Neste, que um acaso favorável me surpreende, o senhor chegou a minha casa; noutro, o senhor, ao atravessar o jardim, encontrou-me morto; noutro, digo essas mesmas palavras, mas sou um erro, um fantasma. (...)

(Fragmento de O jardim dos caminhos que se bifurcam. In: Borges, Jorge Luis. Ficções. Porto Alegre: Globo, 1970.)


És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...
Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...
Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos

Tempo tempo tempo tempo...

“Oração ao tempo”, Caetano Veloso

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