A quase 2500 anos, Zenão de Eléia, um filósofo grego, formulou um argumento que ficou conhecido como o paradoxo de Zenão. Nesse argumento, Zenão procura mostrar as contradições que surgem ao querermos pensar noções como tempo e espaço. Esse argumento de Zenão se refere à corrida de Aquiles com uma tartaruga. Segundo Zenão :
1) Se, na corrida, a tartaruga saísse à frente de Aquiles, para alcançá-la ele precisaria percorrer uma distância superior à metade da distância que os separava no início da competição.
2)Entretanto, como a tartaruga continuaria a se locomover, essa distância, por menor que fosse, continuaria a ser ampliada. Ou seja, Aquiles deve percorrer mais da metade dessa nova distância.
3)A tartaruga, contudo, continuaria se movendo, e a tarefa de Aquiles se repetiria ao infinito, pois o espaço pode ser dividido em infinitos pontos.
Ora, esse é um argumento impregnado de uma grande carga de trivialidade. Basta observar uma corrida de um homem com uma tartaruga, para percebermos que esse argumento não se efetua na realidade. Todavia, para o nosso propósito aqui, esse argumento tem um valor importante, porque nos permite ver as dificuldades que rodearam o pensamento, para lidar com conceitos como tempo e espaço, movimento e infinitude, que são conceitos que foram sendo lapidados com o desenvolvimento do pensar.
O que podemos perceber ao longo da história da filosofia, é que esse conceitos foram sempre motivos de controversias, jamais houve unanimidade em torno desse conceitos. Como exemplo, podemos tomar a tentativa de definição de espaço em três eminentes pensadores. Para Isaac Newton o espaço é absoluto, enquanto que para Gottfried Leibniz o espaço é relativo; Henri Poincaré acredita que a geometria espacial seja apenas uma convenção.
Por mais empolgantes que possam ser essas discussões, pessoalmente penso ser importante pensar o tempo e o espaço, como a clareira que o Homem tem para realizar as suas potencialidades. Porém, nem sempre essa clareira, por fatores históricos existe. Hoje em dia, percebe-se que grande parte das potencialidades dos homens foram suplantadas sob a aura da produção capitalista. Se o Homem estiver gerando capital, as coisas vão bem, se ele estiver buscando criar a sua clareira ( sociedade ) onde ele possa realizar suas potencialidades, ele estará gastando tempo à toa. Talvez nos tempos e espaços escolares, a filosofia também possa dar a sua contribuição, para pensá-los de maneira a realmente criarem um lugar para o pleno desenvolvimento das pessoas que se encontram na escola. Que não valorizemos os interesses econômicos em detrimento dos sujeitos humanos!
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