terça-feira, 25 de março de 2008

O Teatro e sua relação com o tempo e o espaço

Sempre penso o tempo e o espaço no teatro como o tempo e o espaço da sensibilidade. Não no seu sentido restrito, mas na sua forma mais abrangente, que vai além do "sentir" e dimensiona-se no criar, no imaginar. Em se tratando de um ofício banido do roll das atividades, realmente, importantes para a humanidade, o teatro vem engatinhando, para não dizer se arrastando(e uso esse termo não de forma pejorativa, mas como figura de linguagem pra demonstrar o grau de dificuldade enfrentado) em busca de valorização neste mundo imedista e comercial, onde a única coisa que importa são os números. Sendo assim, retomo a idéia de que para se fazer e apreciar teatro é necessário, antes de mais nada, sensibilidade. Diante dela, tempo e espaço se tornam duas medidas vulneráveis, não podemos convencioná-las dentro de padrões rígidos, é preciso inovar, permitir-se outros meios, outra formas. Como propunha Artaud: "desfazer o espaço, noção nova do espaço que a gente multiplica, dilacerando-o". Mais do que dilacerar o espaço convencional por uma questão artística, acredito que em tempos difíceis em nossa educação, é preciso convencionar-se ao não-convencional, propor-se a fazer muito com o pouco que nos é oferecido. Isso não significa acomodar-se, aceitar passivamente a categoria de entretenimento, diversão, brincadeirinha de faz-de-conta...Teatro é muito mais que manifestação artística, é arma poderosa de cunho social, humano e intelectual, por isso seu tempo e espaço não podem ser cronometrado ou medido e, sim, sentidos. E se muitas ainda são nossas indagações, façamos como Oswaldo Montenegro: "Que a arte nos aponte uma resposta(...)e que ninguém a tente complicar poque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer."


Nenhum comentário: