quarta-feira, 31 de março de 2010

Outro Mundo - os mistérios do infinito

Pensando sobre as representações do universo, do céu e das estrelas nas Artes Visuais, achei interessante postar as ilustrações de um livro datado de 1843, onde podemos ver a representação de fenômenos que ocorrem no céu, como o eclipse e a queda de um cometa.

Segundo título do livro “ Autre Monde” , supostamente o artista representou esses fenômenos como sendo de outro mundo, “ os mistérios do infinito”.

Ilustrações do Livro Autre Monde - par Grandville .Paris: H.Fournier Éditeur, 1843.




o que sobrou do céu

faltou luz mas era dia
o sol invadiu a sala,
fez da teve um espelho
refletindo o que a gente esquecia.

faltou luz mas era dia.
o som das crianças brincando na rua como se fosse o quintal
A cerveja gelada na esquina, como se espantasse o mal.
Um chá pra curar esta asia, um bom chá pra curar a asia.
Todas as ciencias de baixa tecnologia,
todas as cores escondidas nas nuvens da rotina.

Pra a gente ver por entre os prédios e nós.
Pra a gente ver o que sobrou do céu.

http://www.youtube.com/watch?v=__QO89gznL8

domingo, 28 de março de 2010

Cultura Científica e Cultura Humanística

Em uma disciplina com cursos tão diferentes é bom pensar na multidisciplinariedade, na justaposição e complementação de saberes...

" João Arriscado Nunes, num artigo de recorte epistemológico, defende que a renovação da teoria crítica passa pela superação da divisão entre cultura científica e cultura humanística e por uma articulação entre os saberes científicos e os não-científicos. A sociedade de risco em que vivemos, saturada de cultura tecnológica, cria novas exigências, tanto aos cientistas, como aos cidadãos, e cria sobretudo a exigência de pensar a ciência e a cidadania como dois nomes diferentes da mesma aspiração de emancipação social. Desta renovada reflexão epistemológica emerge um intelectual crítico de tipo novo, um articulador de saberes e de práticas culturais, capaz de criar plataformas onde cientistas e peritos, por um lado, e decisores políticos e «leigos», por outro, aprendem a respeitar-se e a enriquecer-se mutuamente na busca de soluções para problemas que nem uns nem outros, isoladamente, podem resolver."

SANTOS, Boaventura de Sousa. O todo é igual a cada uma das partes. Revista Crítica de Ciências Sociais, Nº 52-53, nov.1998 / fev. 1999.

http://www.boaventuradesousasantos.pt/media/pdfs/O_todo_e_igual_a_cada_uma_das_partes_RCCS52-53.PDF

quinta-feira, 25 de março de 2010

Música&Educação





O tempo e o espaço da MÚSICA no âmbito escolar são muito relativos.




Quanto à notação musical temos o sinal de silêncio e som, no espaço do pentagrama.



Tem formas alternativas para a execução musical em espaços escolares: na sala de aula, no auditório, no pátio da escola, num clube, num local de convivência comunitária, entre tantos espaços de atividade musical.



Pois, em todos estes espaços tem manifestações sonoras, sejam elas naturais ou artificiais; dependendo da forma como o educador musical abordar o aspecto relevante de sua atividade de
Educação Musical.

terça-feira, 23 de março de 2010

Tempo(s) e Espaço(s) na Matemática



Na Matemática, assim como em várias outras disciplinas, poderíamos estabelecer uma definição comum para “tempo e espaço”. No entanto, as particularidades das diversas áreas de conhecimento humano tornam necessário que façamos uma distinção entre o ‘tempo e espaço’ de uma e o de outra.


Relativo à palavra “espaço”, acredito que, para a maioria dos matemáticos, uma das primeiras coisas que vem à mente é a ideia de espaço dimensional. Este é um conceito que é de fácil entendimento para, digamos assim, o público em geral, mas apenas até um certo nível. Por exemplo: quando falamos no plano, estamos nos referindo a um espaço bidimensional; se for o espaço de uma sala de aula, este será um espaço tridimensional. Entretanto, não basta apenas mencionar a palavra “n-dimensional”, precisamos dizer a qual conjunto de números ela se refere.


No exemplo da sala de aula, estamos nos referindo a um espaço tridimensional nos reais, ou seja, podemos representar cada ponto do espaço por coordenadas (não entrarei em discussão, mas há mais tipos de coordenadas do que habitualmente as pessoas conhecem: retangulares, cilíndricas, esféricas... Cada uma com uma particularidade e uma utilidade mais eficiente, dependendo do fim a que se pretende). Neste caso, comumente utilizamos a notação “”, pois o espaço é contínuo, sendo necessário representá-lo com o conjunto dos números reais. Ainda assim, note que há espaços um tanto mais abstratos nos entes matemáticos, como o espaço “R^n”, normalmente estudado em disciplinas de Álgebra Linear.


Já quando falamos em “tempo”, tenho a impressão de que este termo não é muito intrínseco da Matemática em si, mas de quem a produz. Explicar-me-ei em seguida. Há quem acredite que o processo de criação da Matemática é dividido em quatro momentos: preparação, incubação, iluminação e trabalho consciente (redação precisa do resultado). Assim, o “tempo” seria uma palavra mais “forte” neste processo de aprendizagem/produção da Matemática ao invés de ter um sentido como o atribuído na Física (grandeza física medida em segundos...). É o “tempo” que precisamos para pensar e refletir sobre determinado problema, o “tempo” de reflexão, o “tempo” em que a questão fica no inconsciente, sendo trabalhado de alguma maneira misteriosa.


Porém, o espaço também pode apresentar um caráter diferente para cada pessoa que estuda ou trabalha com Matemática. Não há “um” espaço para se aprender. Aprendemos Matemática em salas de aula de Institutos de Matemática, em casa, em restaurantes, em caminhadas pelo parque... Mas este é um processo que deve ser feito sem tomar decisões urgentes, sem pressão; através de muita atividade reflexiva.


É um pouco difícil tentar explicar o que é “tempo e espaço” na Matemática para alguém que seja leigo no assunto. Talvez, as definições abaixo ajudem no entendimento do sentido de tempo(s) e espaço(s) na Matemática:


Matemática é...

- Uma Teoria Axiomática Dedutiva;

- É uma (a única) Ciência que lida com a verdade;

- Funciona por acúmulo, não por substituição;

- Feita de verdades que tem validade permanente, além de estarem apartadas do mundo real, fora do tempo e das circunstâncias do universo;

- A Ciência das Estruturas (um Sistema Hierárquico);

- Uma expressão da mente humana que reflete a vontade ativa, a razão contemplativa e o desejo da perfeição estética;

- Também, a incerteza;

- Composta de elementos básicos como a lógica e a intuição, análise e construção, generalidade e particularidade;

- Arte!

- O rigor infinito!


Ainda tenho dúvidas quanto a algumas questões referentes ao próprio cerne da Matemática, ou seja, questões relativas à aprendizagem e produção do conhecimento matemático (afinal, a Matemática é algo que sempre existiu e alguém apenas a descobriu ou é algo que foi inventado por nós?). Ainda assim, neste momento, é esta a ideia que posso apresentar de “tempo(s) e espaço(s)” na Matemática.



Referências:

- “Artur tem um problema”, de João Moreira Salles;

- “O Matemático Neural”, de Alain Connes;

- “Capítulo 2 – Subsídios Teóricos”, da Tese de Doutorado de Maria Alice Gravina;

- Disciplinas estudadas durante o curso de Licenciatura em Matemática, na UFRGS.




Por fim, quero deixar pra vocês um vídeo que também tem a ver com tempo e espaço...

Espero que curtam!! :D



http://www.youtube.com/watch?v=NpOtLhKsuPY

A Arte

No tempo:





A arte tem um tempo que não é o tempo cíclico, apesar de estar sempre relacionada ao contexto sociocultural e econômico de cada época e, a partir disso, criados os movimentos artísticos. Atualmente, a arte contemporânea se situa num tempo e espaço particulares, seguindo seu próprio ciclo, como um continuum arquitetado entre permanências e rupturas, construção e destruição, coexistência num presente sempre presentificado, no ontem, no agora, no depois.



A arte contemporânea discute modos de ver, perceber, representação, verdade e ficção, processo, conteúdo, forma, “ambigüidade cognitiva” e ainda explora a tensão provocada pelos embates com os sentidos. Na arte contemporânea há um desvelamento dos processos de criação e de construção que, muitas vezes, revelam e põem em cheque a arquitetura do nosso conceito de verdade. E como não pertence a nenhum tempo histórico, ela se torna atemporal.





No espaço:



Quando se fala em arte e espaço, atualmente, pensa-se em arte na cidade, arte urbana. O espaço da arte saiu da relação direta museu-galeria, para lugares antes inimagináveis, como as ruas, os viadutos, a arquitetura urbana em geral. Muitos artistas contemporâneos têm usado esse ambiente para expor obras que mexam não só com o espaço urbano, mas também com o público que o freqüenta.

Obra de Elisa Bracher, "Genius Loci", no Arouche, São Paulo.



Tempo sob minha ótica...

É interessante como o tempo significa uma coisa para cada pessoa, apoiado no fato de cada uma ter vivido diferentes experiências, ter vindo de realidades diferentes, ter objetivos de vida diferente, e, em razão disso tudo, pensar de maneira diferente. Também interessante é como o tempo passa diferentemente para cada pessoa... O tempo do otimista é diferente do tempo do pessimista, o tempo do rico é diferente do tempo do pobre, o tempo do pró-ativo é diferente do tempo do preguiçoso, o tempo do ancioso é diferente do tempo do sereno e assim por diante... tempo, tempo, tempo, o tempo é um só. E será cada época como um todo não abrange uma maneira geral de pensar o tempo? O tempo já não foi cruel e desastroso para os românticos e hoje ele é considerado tão escasso que sequer há tempo de adjetivá-lo dessa maneira? O tempo continua sendo um só. Termino esse pequeno pensamento com um poema que me veio à mente, sobre essa questão da passagem do tempo...

Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
(...)
Fiz de mim o que não soube.
E o que pude fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi no espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever essa história para provar que sou sublime.

Álvaro de Campos

Química na escola



O espaço na química está diretamente relacionado ao laboratório onde muitas práticas podem ser desenvolvidas, e o tempo necessário para realizá-las. Porém, em muitas escolas esse espaço é inexistente ou simplesmente esquecido por descaso dos diretores da escola e até mesmo pelos professores, que deveriam ser os mais interessados.

Vida vivida

Vivemos em todos os instantes. Mas a escola, assim como as instituições modernas nos embretam na condição de não viver, não sentir, como se na hora de estudar não se pode ser feliz. Paulo Freire dizia que o principal objetivo da educação deve ser a felicidade. O processo de viver e sentir o aprender, esta relação do momento de ensino que deveria ser prazerosa.
Relaciono esta reflexão com este clipe do Sigur Ros (banda islandesa de rock alternativo) que sempre aborda temáticas existencialistas com muita sensibilidade.

Peça Infantil - Luís Fernando Veríssimo

Peça Infantil
de Luís Fernando Veríssimo
18 Dezembro, 2002 in Sem categoria


Peça Infantil

Luís Fernando Veríssimo

a professora começa a se arrepender de ter concordado (”você é a única que tem temperamento para isto”) em dirigir a peça quando uma das fadinhas anuncia que precisa fazer xixi. é como um sinal. todas as fadinhas decidem que precisam, urgentemente, fazer xixi.

— está bem, mas só as fadinhas — diz a professora. — e uma de cada vez!

mas as fadinhas vão em bando para o banheiro.

— uma de cada vez! uma de cada vez! e você, onde é que pensa que vai?

— ao banheiro.

— não vai, não.

— mas tia…

— em primeiro lugar, o banheiro já está cheio. em segundo lugar, você não é fadinha, é caçador. volte para o seu lugar.

um pirata chega atrasado e com a notícia de que sua mãe não conseguiu terminar a capa. serve uma toalha?

— não. você vai ser o único de capa branca. é melhor tirar o tapa-olho e ficar de anão. vai ser um pouco engraçado, oito anões, mas tudo bem. por que você está chorando?

— eu não quero ser anão.

— então fica de lavrador.

— posso ficar com o tapa-olho?

— pode. um lavrador de tapa-olho, tudo bem.

— tia, onde é que eu fico?

é uma margarida.

— você fica ali.

a professora se dá conta de que as margaridas estão desorganizadas.

— atenção, margaridas! todas ali. você não. você é coelhinho.

— mas meu nome é margarida.

— não interessa! desculpe, a tia não quis gritar com você. atenção, coelhinhos. todos comigo. margaridas ali, coelhinhos aqui. lavradores daquele lado, árvores atrás. árvore, tira o dedo do nariz. onde é que estão as fadinhas? que xixi mais demorado!

— eu vou chamar.

— fique onde está, lavrador. uma das margaridas vai chamá-las.

— já vou.

— você não, margarida! você é coelhinho. uma das margaridas. você. vá chamar as fadinhas. piratas, fiquem quietos!

— tia, o que é que eu sou? eu esqueci o que eu sou.

— você é o sol. fica ali que depois a tia… piratas, por favor!

as fadinhas começam a voltar. com problemas. muitas se enredaram nos seus véus e não conseguem arrumá-los. ajudam-se mutuamente mas no seu nervosismo só pioram a confusão.

— borboletas, ajudem aqui! — pede a professora.

mas as borboletas não ouvem. as borboletas estão etéreas. as borboletas fazem poses, fazem esvoaçar seus próprios véus e não ligam para o mundo. a professora, com a ajuda de um coelhinho amigo, de uma árvore e de um camponês, desembaraça os véus das fadinhas.

— piratas, parem. o próximo que der um pontapé vai ser anão.

desastre: quebrou uma ponta da lua.

— como é que você conseguiu isso? — pergunta a professora sorrindo, sentindo que o seu sorriso deve parecer demente.

— foi ela!

a acusada é uma camponesa gorda que gosta de distribuir tapas entre os seus inferiores.

— não tem remédio. tira isso da cabeça e fica com os anões.

— e a minha frase?

a professora tinha esquecido. a lua tem uma fala.

— quem diz a frase da lua é, deixa ver… o relógio.

— quem?

— o relógio. cadê o relógio?

— ele não veio.

— o quê?

— está com caxumba.

— ai, meu deus. sol, você vai ter que falar pela lua. sol, está me ouvindo?

— eu?

— você, sim senhor. você é o sol. você sabe a fala da lua?

— me deu uma dor de barriga.

— essa não é a frase da Lua.

— me deu mesmo, tia. tenho que ir embora.

— está bem, está bem. quem diz a frase da lua é você.

— mas eu sou caçador.

— eu sei que você é caçador! mas diz a frase da lua! eu não quero discussão!

— mas eu não sei a frase da lua.

— piratas, parem!

— piratas, parem! certo?

— eu não estava falando com você. piratas, de uma vez por todas…

a camponesa gorda resolve tomar a justiça nas mãos e dá um croque num pirata. a classe unida avança contra a camponesa, que recua, derrubando uma árvore. as borboletas esvoaçam. os coelhinhos estão em polvorosa. a professora grita:

— parem! parem! a cortina vai abrir. todos a seus lugares. vai começar!

— mas, tia, e a frase da lua?

— “boa-noite, sol”.

— boa-noite.

— eu não estou falando com você!

— eu não sou mais o sol?

— é. mas eu estava dizendo a frase da lua. “boa-noite, sol.”

— boa-noite, sol. boa-noite, sol. não vou esquecer. boa-noite, sol…

— atenção, todo mundo! piratas e anões nos bastidores. quem fizer um barulho antes de entrar em cena, eu esgoelo. coelhinhos nos seus lugares. árvores para trás. fadinhas, aqui. borboletas, esperem a deixa. margaridas, no chão.

todos se preparam.

— você não, margarida! você é o coelhinho!

abre o pano.

Artes Visuais-Espaço e Tempo

Espaço e Tempo nas Artes Visuais


Nas Artes Visuais os artistas vivem em determinada época, contexto histórico, político, econômico, vivendo assim num período, desempenhando seu papel, sua função, seu trabalho em determinado tempo. Existem vários caminhos que o artista pode seguir, mas há momentos, etapas que os artistas escolhem certo estilo ou processo artístico para seguir. Suas obras, tanto plásticas como conceituais, baseadas em estudos, experiências, processos artísticos entre outros, serão expostas em um "espaço", podendo ser um museu, uma galeria, a própria rua, a Academia, onde o artista pode expor sua obra ou talvez desempenhar uma performance. O artista está sempre dialogando ou discutindo através de um espaço, sendo ele físico ou abstrato, abstrato no sentido do artista buscar o reconhecimento da Academia e do sistema das artes, e as vezes do público, conseguindo se inserir nesse espaço ele atinge de certa forma o espaço físico. A obra pode ser bidimensional, tridimensional, virtual, sensorial, performática, ter ou não a participação do espectador, mas sempre se dá no espaço.

A questão do tempo nas Artes é muito importante, pois para entender uma obra, devemos compreender como o artista chegou nela, em qual momento da história ele está inserido, estabelecer questões políticas e de mercado, por isso tempo e espaço sempre andam juntos nas Artes Visuais. Entendo a obra e o contexto onde o artista estava inserido a compreensão dos pensamentos e questões discutidas se torna mais fácil.

Outro aspecto interessante sobre o tempo nas Artes, é que artista deve organizar muito bem ele e aproveitar ao máximo, quanto mais podução, pesquisa, leitura, visitas aos museus, mais fácil a descoberta de um estilo próprio, do que relamente o artista tanto busca e quer expressar através de um traço, desenho, pincelada, com o passar do tempo o artista vai descobrindo seu processo, depois de experimentar várias técnicas e formas de processo, vários materiais. Outra questão é que a obra de arte também está sujeita as ações do tempo, ela pode se deteriorar, craquelar, enferrujar, na arte contemporânea alguns artistas discutem questões de tempo, da obra que sofre com a ação do mesmo e isso para eles faz parte do processo, onde o acaso interfere na obra em constante transformação, a utilização de materiais alternativos, bem como o sangue, o barro, pigmentos, comida tem interferido para que essas transformações sejam aceitas e façam parte do discurso artístico. Há muitos assuntos interessantes com relação a tempo e espaço nas Artes Visuais, mas escolhi alguns que me chamam mais atenção, alguns pontos para tentar entender essa relação tempo e espaço na Arte contemporânea.


Que tempo e espaço é esse que se esgarça quando estou diante de um objeto de arte?

Apesar de uma obra de arte pertencer a um dado tempo e espaço, ela não fornece de imediato este enquadramento histórico a um observador que com ela se relaciona pela primeira vez. O que quero dizer é que a obra de arte tem o potencial de ampliar a concepção de tempo e espaço, pois através dela vagamos em nossas memórias, sentimentos, lugares vistos, vividos ou imaginados. Cito um poema de Caio Fernando Abreu que pode ilustrar esta sensação de pertencer ao mundo e ao mesmo tempo estar só:

"De repente, estou só. Dentro do parque, dentro do bairro, dentro da cidade, dentro do estado, dentro do país, dentro do continente, dentro do hemisfério, do planeta, do sistema solar, da galáxia - dentro do universo, eu estou só. De repente. Com a mesma intensidade estou em mim. Dentro de mim e ao mesmo tempo de outras coisas, numa sequência infinita que poderia me fazer sentir grão de areia." - ABREU, Caio Fernando. Inventário do ir-remediável. Porto Alegre: Sulina, 1995.p.66

E para instigar ainda mais... uma imagem do trabalho de Cristiano Lenhardt que nos faz pensar em muitos momentos do nosso "ao vivo" do dia a dia.


Ao Vivo, 2002. Cristiano Lenhardt




Química: imagens e experimentos

As manifestações e seus meios




Por onde quer que andemos pela cidade nos deparamos com manifestações públicas: cartazes de festas, convocatórias de movimentos sociais independentes ou até mesmo grafismos sem aparente compreensão. O mesmo ocorre em espaços internos coletivos, como banheiros de qualquer procedência, desde bares até universidades.



É uma necessidade humana se expressar; seja cantando, escrevendo, pintando...ainda mais em uma era onde a comunicação é instantânea e a informação descartável. Então como trabalhar isso em um espaço efervescente como a escola?


Muitos jovens buscam através de manifestações visuais o seu espaço tanto na escola quanto na própria sociedade, ansiando reconhecimento e respeito através destes atos.



manifestações no Instituto Estadual Gema Angelina Belia - Zona Leste/Porto Alegre


E como controlar isto? Seria função das instituições de ensino não reprimir, mas discutir o tema? Acredito que a ajuda dos professores de diversas áreas possa buscar meios de atingir positivamente estes jovens e incentivá-los a desenvolver outras formas de se expressar.



vista panorâmica do mutirão feito pelos alunos - Instituto Estadual Gema Angelina Belia

alternativa tomada pela escola para diminuir as pichações


Para tanto, é necessário empenho e claro, informação. Não podemos abordar temas que sejam desconhecidos por nós, mas nunca é tarde para pesquisar e aprofundar conhecimentos. Não devemos nos adaptar totalmente ao aluno, mas sim entendê-lo e sobretudo compreendê-lo.

Tempo e Espaço...

"Ao abordar a especificidade do conhecimento visual, a autora observa que 'o entendimento do espaço que devemos a visão e ao tato nunca poderia ser desenvolvido em todo seu pormenor e definição , por um conhecimento discursivo de geometria'."

(Analice Dutra Pillar, se referindo a autora LANGER, S. no livro Desenho e construção de conhecimento na criança. Porto Alegre: Artmed, 1996. (p.35))
"O importante é que a escola possa ensinar arte com propostas que, além de ensinar variedade e profundidade nos conteúdos, ensinarão ao aluno prosseguir aprendendo por si -- como aprender a pesquisar, por exemplo -- que garantirão a ele poder aprender por toda a vida."
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS - 5a A 8a SÉRIES - MEC

tempo alargado...espaço expandido

A arte permite que o tempo seja alargado e o espaço seja expandido. A arte fala do seu tempo, pensa e projeta o seu tempo, por isso esta em constante mutação. Na arte, o espaço torna-se qualquer lugar, é construído através das possibilidades, não pode ser delimitado. Ele ultrapassa as barreiras físicas e abra mão da inércia para ser algo itinerante.
foto: Marcela Lirio Campo

Tempo e Espaço nas Artes Visuais

Ao pensar sobre Tempo e Espaço nas Artes Visuais, a primeira relação que faço sobre o Tempo, é de um tempo histórico, um tempo que passou mas que dele permaneceu registros que podem ser estudados, investigados ou simplesmente contemplados, esses registros de tempo e espaço podem ser vistos através de imagens, pinturas, esculturas, vestígios de alguma forma de manifestação artística. Um tempo dividido em períodos, estilos, fases... Penso em tempo e espaço quando faço a leitura de uma imagem, onde além da fruição e percepção tento situar o contexto histórico da obra, do artista e seu estilo, com a composição dos elementos visuais no espaço, o ritmo, o movimento, a simbologia. É nas obras de arte, que muitas vezes podemos ver não somente o tempo e o espaço do artista que a produziu, mas também de toda uma sociedade, uma cultura. O tempo e espaço podem estar presentes nas pinceladas, nos espaços de expressão... Ao modelar uma peça de argila é necessário um determinado Tempo para que ela seque e esteja preparada para os acabamentos e a queima no forno. O tempo nem sempre é linear, quando produzimos algo, muitas vezes tomamos como referência outros tempos. Produzimos no presente, mas resgatamos algo do passado ou “inventamos” o futuro. Nas artes o tempo e o espaço podem ser real, mas também podem ser imaginários, surreais, mas que de certa forma possuem sua materialidade. O Espaço é um lugar que ocupamos. Um lugar para viver, um espaço para desenhar, um lugar para criar e construir. O espaço é percorrido pelos gestos de um artista ao pintar uma tela, ao modelar uma peça de argila, assim como o espaço é percorrido pelos olhos de um expectador, que visualiza uma obra de arte como se caminhasse pelo espaço de se composição. Segundo Ostrower: “ [...] o espaço constitui o único mediador que temos entre nossa experiência subjetiva e a conscientização dessa experiência. Tudo aquilo que nos afeta intimamente em termos de vida precisa assumir uma imagem espacial para poder chegar ao nosso consciente.E do mesmo modo, tudo o que queremos comunicar sobre valores de vida traduzimos em imagens de espaço.” (OSTROWER,1991,pg.30 ).

Referência:
OSTROWER,Fayga.Universos da Arte.Rio de Janeiro:Campus,1991.

Tempo e ensino


Tempo controlado no relógio, sempre tentando em um curto período ensinar o conteúdo, aproveitando os espaços oferecidos pela escola. Tempo e espaço controlando e "limitando" o andamento das aulas.

Fora do tubo de ensaio


Aluna do curso de Farmácia e decidida a ser uma profissional da saúde, foi grande a decepção ao final do curso, quando percebi que minha formação foi na maior parte voltada a execução de protocolos, repetitivos e cansativos protocolos...
Repensando minha caminhada até então, comecei a pensar em como me tornar o que realmente queria ser, uma promotora da saúde, e o quanto minha formação havia me distanciado disso. Ficar horas em laboratórios ou em salas fechadas lendo milhões de slides muito pouco colaborou para isso. Filha de professora, comecei a pensar em como a educação poderia ser uma grande ferramenta na promoção da saúde. O primeiro passo foi reavaliar a forma como a educação funcionava dentro do meu próprio curso. Foi grande a minha satisfação ao descobrir que os tempos e espaços criados realmente para educação dentro do meu curso estava sendo criado por alunos. Um pequeno grupo de teatro formado por alunos de diferentes semestres. O grupo cresceu e tornou-se muito mais: um espaço de reflexão, discussão, criação e expressão... aprendemos uns com os outros, pensamos juntos sobre o espaço que nos cerca e em como atuar nele e, entre provas e horas de experimentos, criamos nosso próprio tempo para educação. Atualmente fazemos parte de uma atividade de extenção, o 'Projeto de Inovação Cultural: Libertando a Arte do Conhecimento'. Aproveito a oportunidade para convidar a todos para visitarem nosso blog (que está recém começando) e contribuir, somos incentivadores do intercâmbio entre as áreas e ainda não tivemos oportunidade de diálogo com o pessoal da educação e das artes.

Arte: espacial e temporal














O tempo e o espaço dentro do universo das artes visuais sempre esteve presente, a partir de épocas atemporais, o que é algo bem significativo...

Nas cavernas se pintavam as paredes para obter poder sobre os inimigos, ou para eternizar as coisas que eles achavam fenômenos do que eles nem sabiam o que era. Assim, na dominação do espaço, gerenciavam o tempo...



Mais adiante, a eternização das imagens que significavam coisas (mitos, deuses, etc.) na Grécia antiga também lidavam com isso. E assim o homem foi galgando o tempo, eternizando o espaço a sua volta, a maneira como percebia o espaço...
















Hoje, o tempo e o espaço não poderia deixar de estar mais presente, com as instalações, as obras sonoras, os happenings, as intervenções urbanas, o grafite e a própria arte "tradicional".








Fazer arte é dominar o espaço, no tempo que se constrói mediante essa construção... é deixar claro que aquele artista percebe o mundo de determinada forma, uma forma única e atemporal. Até mesmo a desconstrução destes conceitos, faz parte deste universo tão peculiar. Questionar estes conceitos, jogá-los na face de quem vislumbra suas manifestações é papel determinante também.


Meu mundo é o barro

Moço, peço licença eu sou novo aqui. Não tenho trabalho nem passe, eu sou novo aqui. Não tenho trabalho nem classe, eu sou novo aqui.
Sou quase um cara. Não tenho cor nem padrinho, nasci no mundo sou sozinho. Não tenho pressa não tenho plano, não tenho dono. Tentei ser crente, mas meu Cristo é diferente, a sombra dele é sem cruz no meio daquela luz.

Tempo e espaço na Biologia

O tempo para a biologia é uma variável muito mutável, podendo se referir desde a alguns milissegundos transcorridos entre impulsos nervosos, até milhões de anos que se passaram desde a extinção de uma espécie. O tempo é relativo também ao se compararem diferentes espécies vegetais e animais, existindo árvores como a oliveira que pode sobreviver centenas de anos até plantas que duram apenas alguns dias.

Ao se lidar do espaço, a biologia é igualmente relativa, existindo espécies endêmicas restritas a pequenas faixas de terra, bem como espécies cosmopolitas que podem viver em quase todo o planeta. Mas o que mais surpreende é a maneira com que as noções de espaço pode ser enganadoras dentro da biologia, a medida que se estudam os diferentes organismos percebem-se fatos surpreendentes como a existência de fungos que ocupam um espaço de 20 hectares, aves que migram quase de um extremo ao outro do planeta, ou organismos que tem toda sua área de vida restrita a pequena quantidade de água que fica empossada entre as folhas de uma bromélia.





ARTE-ESPAÇO-TEMPO-ESPAÇO-ARTE-TEMPO-ESPAÇO-ARTE-TEMPO...

Três palavras que se ligam que fazem parte uma da outra, se mesclam. Juntas, tentam nos passar mensagens, imagens, sons, movimentos, cor, luz, sombra; juntas, nos levam a outros mundos, há TEMPOS passados e esquecidos por muitos, resgatados por poucos. Elas nos colocam em AMBIENTES sufocantes, desconcertantes, irritantes, nos pregam peças, faz com que sejamos as peças, peças de um jogo, atores com muitas facetas, cheios de máscaras, mudam e caem nossas máscaras, pensamos, reagimos, lutamos, pensamos, pensamos, pensamos... O TEMPO passa, e passa rápido demais não podemos parar, não podemos PERDER TEMPO pensando demais, temos que agir mais, correr mais, fazer mais coisas ao mesmo TEMPO, e em vários LUGARES no mesmo TEMPO, na mesma hora; precisamos fazer contatos, rever os amigos, passar adiante o que nos foi deixado.


A ARTE: palavra igual não existe com tantos significados, com tantos “não significados”, com tantas verdades e "não verdades". Ela muda através da história. Muito no passado foi deixado de lado, esquecido, escondido; hoje, muito desse passado tem sido recuperado, estudado. A arte muda, os conceitos mudam, são revistos, aceitos, rejeitados, reestudados. Assim ela caminha, buscando novos olhares, novas opiniões, querendo levantar mais e mais questões; querendo nos fazer pensar - e como faz -, querendo que sejamos donos da nossa opinião, que a coloquemos na roda para ser compartilhada, questionada, aceita ou rejeitada, que ela contribua para abrir novos olhares, novas mentes pensantes, críticas, criativas, livres de preconceitos, de estereótipos, mas não um fácil aceitar o que é imposto e sim entender, conhecer, para aí sim querer ou não para si.

E onde se pode encontrar um caminho com tantas oportunidades de levantar questões? Onde podemos debater, colocar a prova, experimentar? Onde podemos fazer com que aconteça com a simplicidade de um gesto, com o “não saber” usar tinta e pincel, ou ainda nem sequer pronunciar as palavras certas, ou escrevê-las?

Resposta: em qualquer lugar onde encontramos a simplicidade e ânsia de querer saber, de querer conhecer, de querer tocar o mundo. Falo da escola? Pode ser que seja dela, mas não só nela. Falo também de educação, não o “decorar” conteúdos por parte de alunos e o “depositar” conhecimento por parte dos chamados mestres. Falo da educação como troca, com o aprender mútuo. “Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende” (João Guimarães Rosa/Grande Sertão: Veredas). Ou seja, aprender com quem se ensina é a melhor forma de ensinar. Além do mais “ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensnar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação.”(Brandão, 2007, p.7).


BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação?. 2007.

A aprendizagem química

Na química há a predominância de aulas no estilo tradicional ( alunos sentados de forma ordenada realizando as tarefas solicitadas). Em algumas escolas há laboratórios onde os alunos podem aplicar a teoria facilitando o processo de aprendizagem.

Creio que se possa trabalhar de diferentes maneiras. Aulas ao ar livre, em que possam ser mostradas a presença da química em situações do cotidiano, de maneira que os alunos possam ultrapassar as barreiras da sala de aula e perceber a disciplina dentro de sua realidade. Outra ferramenta muito interessante é a internet, onde se pode encontrar animações de reações químicas, experimentos realizados em laboratório.

Claro que há conteúdos que necessitam de aulas expositivas para conhecimento da teoria, mas acredito que aplicar a teoria é uma das melhores formas de aprendizagem.



O Ensino de Química Deveria Ser...

Ensinar química na forma de debate é bastante complicado, por isso a maioria dos educadores acredita que ensinar na forma tradicional é mais fácil (com o quadro e o giz), principalmente porque na química existem muitas equações e fórmulas. Tudo bem, não podemos e nem devemos fugir desta teoria, mas existe a outra parte da química que poderia sim ser trabalhada na forma de debate. Por exemplo, discutir sobre "a importância da água para o mundo e como cuidá-la" implicaria em uma série de assuntos a serem discutidos. Além de ser muito interessante sugerir uma exposição de trabalhos, saber a opinião dos alunos sobre o assunto e discuti-lo, também desmistifica a idéia: química = NaOH + HCl --> H2O + NaCl e amplia a visão do aluno sobre o verdadeiro sentido da Química.
Sair daquele espaço de sala de aula e apresentar no laboratório, ou no pátio, ou em um vídeo o que é uma reação química e discutir porque acontece isso e não aquilo será muito mais atrativo e divertido. Porque a química foi construída a partir de evidências, e não há maneira melhor do que aprender, senão observando e praticando.

O vídeo, a seguir, mostra um pouco sobre a idéia do texto. É uma reflexão sobre o mundo nos dias de hoje: o que estamos fazendo o que queremos dele.

terça-feira, 16 de março de 2010

Interferência - Saudade de tempos e espaços

Passei por aqui para dar uma olhadinha nos posts e não resisti o desejo de postar. Desejo a todos e todas um belo semestre, aproveitem essa disciplina que é o espaço ideal para exercitar nossa ousadia. Ser estagiária nesta disciplina no semestre passado foi uma experiência que contribuiu muito com minha pesquisa de mestrado. Sugiro que vasculhem o blog tem posts bem interessantes. Um abraço a todos com uma ponta de inveja de não poder aprender mais um pouco nesse espaço, mas o tempo é outro agora.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Que mudanças para os tempos e espaços escolares?

"Quando as pessoas estão sentadas em cadeiras tradicionais, pensam de modo tradicional. Se o desejo for o de promover mudanças, é necessário remover o lugar onde estão sentadas" (Diretor das Bibliotecas da Academia de Ciências da China)

Epígrafe do texto de HERNÁNDEZ, Fernando. O problema está na narrativa e na resistência em mudá-la. In: ______.  Catadores da cultura visual: proposta para uma nova narrativa educacional.  Porto Alegre: Mediação, 2007.

Que mudanças a escola precisa?







Imagens de Sebastião Salgado, Rafael, George Deem.


segunda-feira, 8 de março de 2010

2010 - Lá vamos nós de novo!

Sejam bem-vindos a disciplina "Tempos e espaços escolares: atravessando fronteiras"!!

Este blog já faz parte desta disciplina desde 2007/2. Por aqui vais encontrar muitos textos, links, fotos, experiências, projetos etc etc elaborados pelas turmas anteriores. Dá uma olhada, navegue, experimente tudo o que já fizemos nos últimos semestres.

Para começar, uma pergunta para pensar: Quais os tempos e espaços que a escola precisa atravessar em pleno século XXI? Quais são mesmo os espaços escolares?

Uma aula pode acontecer no Parque da Redenção? Um parque pode ser um "espaço escolar"?  Vejam as fotos da nossa última aula do semestre em 2009/1.