terça-feira, 1 de setembro de 2009

Aula de teatro??? Mas que bagunça é essa?

Desde que eu tenho sete anos de idade me mandam sentar, reproduzir e calar. Desde aquele tempo distante em que eu tinha a ilusão de que tudo é muito interessante e a minha energia era tanta que chegava a respingar dos poros, tentam me disciplinar (vai ver que os respingos sujavam a roupa do professor!). Há anos me dizem que o certo, bom, correto e lindo é o espaço quadrangular com classes quadrangulares, dispostas em uma grade quadrangular, onde o conhecimento é disposto numa superfície quadrangular por um professor quadrangular para alunos cujas mentes devem ser, de preferência, quadrangulares. Nunca me pediram pra olhar para os lados, muito antes pelo contrário. Por que olharia? A informação está à frente, a dispersão aos lados, os perdedores atrás. Tudo era muito simples e eu já tinha até me acostumado a achar tudo isso muito normal...

Mas agora que eu estava bem acomodadinho me aparece este professor de teatro dizendo pra eu arrastar as classes para as paredes, desconfigurando este espaço quadrangular que sempre foi minha referência, pedindo que paremos de agir “cada um no seu quadrado”, querendo que nos toquemos, que haja interação, expressão, criatividade... Que diabo é isso? Eu tinha entendido que quem criava era o professor (se muito!) que expressar alguma coisa era subverter a tal da ordem, e que contato físico tinha que ser no recreio. Eu tinha entendido que isso de ser feliz não tinha nada a ver com colégio, que colégio era pra aprender, e que aprender não tem nada que ver com prazer. Aliás, foi assim mesmo que meu pai e minha mãe me ensinaram: tem o trabalho, que é sério, e o resto do tempo que a gente até pode usar com coisas supérfluas, tipo, ser feliz. Estudar não era pra ser meio que nem trabalhar?

Palhaçada... depois querem que eu entenda alguma coisa. Não me entenda mal, professora, a aula é bem legal, e eu até gosto da senhora. Até parece que na sua aula eu acordo de um cotidiano que nem percebe que eu existo. Até parece que a sala de aula vira outra sala de aula, presente, viva, cheia de cantinhos e cores que eu não sabia que existiam. E eu percebo que tenho até... colegas! E não é só isso... por esquisito que pareça, eu me sinto desafiado na sua aula de teatro, parece que meu corpo, quando se mexe, pensa melhor, ou coisa assim... sei que meu corpo e minha cabeça parecem se entender melhor nessa aula (andava com uma dor nas costas daquela cadeira dura...). Me sinto balançado, sacudido, e nem é chato... ah, não, mas peraí... tem coisa errada. Deve ser chato sim. Porque é aula. E vale nota. Pior, se eu tô aprendendo alguma coisa mesmo (eu disse isso?), então TEM que ser um porre. Desculpa, ‘sôra, vou me sentar e me fechar. Não era essa a expectativa? A sua, a dos meus pais, a do mercado de trabalho? Ah, não... o mercado queria que eu fosse criativo, autônomo, que me relacionasse bem...

Confuso!

Um comentário:

Luciana Paz disse...

Leonardo,
Legal teu texto. e por que fostes fazer licenciatura em teatro? O que é importante ensinar sobre teatro nas escolas?
abçs