domingo, 10 de abril de 2011

Nas ruas de um Porto não muito Alegre


1989, Hospital Divina Providência, foi lá onde nasci. Rua Venâncio Aires, Edifício Ada, foi lá onde morei. Redenção, passeios no parque, balanço da tarde. Gurizada, a escolinha que estudei.

No terceiro verão de minha vida, nos mudamos para uma pequena cidade no pé da serra, Dois Irmãos. Lá onde vivi a maior parte de minha vida. Rua Cacique Doble, Bairro Floresta, mato verde na frente de casa, janela aberta, pitangueira, brincar descalço na rua até anoitecer.

2008, de volta a terra natal, que para mim, parece tão estranha. Prédios, cinza, ruídos, trânsito, gente, não conheço ninguém. Da minha janela, vejo muitas janelas, umas acesas, outras apagadas, não conheço ninguém. Fico aqui, entre quatro paredes brancas, sozinha. Há tanta gente morando neste prédio, não conheço ninguém.
Mas ainda é possível acordar ouvindo os passarinhos de manhã, não me sinto tão só.

Hoje, não moro no Porto não muito Alegre, mas agora ele é mais alegre do que antes. Moro em Viamão, cidade que, dizem que foi a primeira capital do estado. Hoje tem muitos sítios lá, é grande em extensão, mas não tem nada para fazer. Gosto de morar lá, pois moro numa comunidade espiritual, compartilhamos experiências, meditamos, comemos juntos, trocamos conhecimentos. Agora está na época de goiaba, como é bom comer fruta do pé. E o abacateiro está carregado de abacates. Lá ouso os aracuãs que pulam de galho em galho, e as andorinhas que fizeram ninho no meu telhado. Ouso também um silencio que, agora, não me faz me sentir só, me sinto conectada com todos os seres. E quando volto a Porto Alegre, ele está muito mais alegre.

Agora Porto Alegre é sinônimo de: samba no domingo, jacarandás floridos, pôr do sol no Guaíba, descanso debaixo de uma árvore na Redenção, feira ecológica no sábado na José Bonifácio, sorvete com salada de fruta do Mercado Público. Porto Alegre continua com seus prédios, cinzas, ruídos e transito, mas não me entristece mais, não me sinto só. Acostumei-me a aproveitar do que a cidade tem de melhor para oferecer. E sonho ela ainda melhor, a cidade está no meu coração.
E quando volto a Viamão, fico feliz quando está chegando perto das bandeiras coloridas, pois “ufa! estou chegando em casa!”

Se tivesse uma trilha sonora para o meu post, seria “Horizontes”:
http://www.youtube.com/watch?v=SCIJW9Chga4

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