Texto e espetáculo de Naum Alves de Souza, pertence a uma trilogia dedicada ao tema memorialista, que retrata um grupo de alunos em uma escola.O texto nasce das recordações infantis do autor sobre os verdes anos da infância. Um senhor visita uma velha escola e, como num longo flashback, recorda fatos e eventos ali vividos em seu período escolar.
São oito personagens/alunos que se alternam com alguns professores, permitindo a composição de um painel rico, envolvente e nostálgico sobre a época da formação, resgatando experiências comuns a todos, razão de sua alta comunicabilidade com as platéias.
Uma leitura engraçada, leve, rápida e com certeza é leitura obrigatória para qualquer futuro professor. O mais impressionante é observar que os esteriótipos que Naum cita na sua obra, de professores da época da ditadura, perduraram durante a nossa formação escolar, e quem sabe, ainda habitam as escolas hoje em dia.
Estabele-se ao longo da história uma disputa de poder, onde Stanley usa a sua força, Blanche a sua sedução e Stela a sua aparente lucidez. Vale a pena conferir até onde pode chegar a incompreensão humana e serve como alerta aos futuros professores que encontrarão pela frente várias Blanches e vários Stanleys.
Allan, ex-marido de Blanche foram tirados da história. Mas GURIAS (e quem sabe guris...) vale a pena ver o filme 10 mil vezes. O Marlon Brando está algo! Na sua melhor forma física e artística. Ele encarna Stanley como ninguém, aliás... o papel foi escrito para ele. Que fez Stanley nos palcos e no cinema, ao lado da maravilhosa Vivian Leigh, que ficou imortalizada como Blanche Dubois. Nosso colega Miguel foi convidado para ser o Stanley na montagem que pretendo fazer da peça ano que vem no DAD. Convidarei todos.A peça pertence ao ciclo do Realismo Americano, com forte influência da Psicanálise Freudiana. É importante perceber os símbolos que Tennesse coloca ao longo da narrativa, como a necessidade de banhos e de ficar no escuro que Blanche sente. Se não levar em conta que antes de tudo, Um Bonde é uma peça psicanálitica, ela fica resumida apenas a história de uma mulher louca e sem vergonha que se ofereceu pro cunhado. Um bonde fala muito mais que isso. Fala sobre o desejo. O mais brutal de todos os desejos. O desejos dos outros. Revela o quanto precisamos dos outros, e o que pode acontecer quando os outros não levam isso em consideração. Revela até que ponto nosso desejo nos traí, nos leva, nos perturba. Finalizo a dica com o famoso epílogo de Blanche, para mim uma das frases mais lindas da dramaturgia mundial: Seja o senhor quem for, eu sempre dependi da bondade de estranhos.
MACBETH

Clássico de Willian Shakespeare dispensa apresentações. Fala de poder como ninguém. Somente um comentário pessoal: Macbeth não seria ninguém sem a Lady Macbeth. Que personagem
M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A!
MEDÉIA
Clássico do grego Eurípides conta o mito de Medéia, mulher que resolve assassinar seus filhos após a traição de seu marido. Imortalizada no cinema e na música por Maria Callas. Vale a pena conferir e refletir que os atos insanos de uma mulher são defendidos pela conciência social até hoje. Também podemos refletir quantas Medéias existem hoje em nossas cidades, em nossos bairros. E futuramente, quantos filhos de Medéias serão nossos alunos. É incrível a genialidade com que Eurípides escreve o texto, que faz-nos defender uma assassina.

É impossível falar de teatro brasileiro sem falar dele. Dramaturgo, repórter, fanático por futebol, é incrível como Nelson denuncia até os dias de hoje uma sociedade hipócrita, escondida atrás de máscaras e tipos burgueses. Suas obras nunca foram tão atuais, em dias que jogam-se crianças pelas janelas e mata-se namoradas por amor.Indico o ciclo das Tragédias Cariocas.
O REI DA VELA

Se não fosse o desiteresse e a fase que o teatro brasileiro passava, a peça de Oswald de Andrade seria o marco do modernismo brasileiro. Dívida que a arte tinha com o teatro desde a Semana de Arte Moderna de 22. O texto da década de 30, perdeu seu posto de marco do Modernismo teatral brasileiro pro magnífico Vestido de Noiva de Nelson Rodrigues, encenado nos anos 40 por Ziembinski. A montagem do polonês para o texto de Nelson foi realmente uma coisa nunca vista no Brasil. Só na década de 60 é que Zé Celso faz a primeira encenação de O Rei da Vela, que é uma crítica cintilante da burguesia nacional. Nunca foi tão atual. Magnífica obra que Oswald nunca viu montada.
ESPERANDO GODOT
Marco do Teatro do Absurdo, o texto de Samuel Beckett, fala sobre a espera, sobre a liberdade. Aliás, fala sobre tudo. A obra do dramaturgo é tão genial que tem um significado pra cada um que lê. É simplismente lindo, além de genial

IVO BENDER

BIOGRAFIAS - Grandes artistas, grandes histórias.
CAZUZA

Eu já li duas biografias de um dos maiores poetas que esse país transformou. Dizer que esse país formou é exagero e dar mérito a quem não merece. Cazuza é um gênio por que canta como ninguém como sentimentos, dores, e frustações. Há o "Cazuza: só as mães são felizes" que conta a vida do poeta através do olhar e das palavras da sua mãe. Livro o qual deu origem ao filme "Cazuza - O tempo não pára" que também vale muito a pena ver! Há, para quem gosta, e quiçá acredita, a obra psicografada dele, intitulada "Faz parte do meu show". Para os que amam as suas letras, como eu, há o "Cazuza: Eu preciso dizer que te amo".
http://www.youtube.com/watch?v=gGVafoghyvo
http://www.youtube.com/watch?v=LqI-5dykYS0&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=hDxSL6912BQ
Vídeos de quem gosta do artista, especial feito pela Globo News.
Vale a pena conferir o nascimento e a morte de uma estrela.
NOITES TROPICAIS
A história e as histórias das personalidades da música popular brasileira nessa obra de Nelsom Motta. Tem coisas hilárias, como a discussão de Tim Maia e Raul Seixas, um defendendo o uso da maconha e o outro da cocaína.
Imortais da Literatura - Para mim, não há nada mais sublime até o momento.
CAIO FERNANDO ABREU

Gosto de dizer que o Caio é o Cazuza da Literatura. Amo os seus contos. Leio sempre. Para quem está afim de conhecer o trabalho, a obra desse cara, indico além de "Morangos Mofados", o "Os Dragões não Conhecem o Paraíso", para mim o melhor livro dele.
ÉRICO VERISSÍMO
O tempo e o vento além de ser uma aula de história, é uma das histórias mais lindas que a literatura nacional já produziu.
PABLO NERUDA
Quem consegue falar de amor como ele? Vale a pena:
A Barcarola
100 Sonetos de amor
GUIMARÃES ROSA
Em ritmo de preparação de espetáculo, ando estudando e lendo muito a obra de Guimarães. Indico Sagarana. Guimarães se sobressai na literatura, não só por eua nova forma de escrever, mas sim, de descrever. Além de ser detalhista em tudo, não deixando a desejar a nenhuma camêra de cinema, Guimarães modifica a corrente regionalista da literatura, trazendo o homem sertanejo as suas narrativas como um filósofo. Coloca essas pessoas em posições de discutir as dúvidas da condição humana. Com certeza, um gênio!



Um comentário:
Pablo,
Ótimas dicas!
E vou querer ver a tua peça.
Luciana
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