O texto nasce das recordações infantis do autor sobre os verdes anos da infância. Um senhor visita uma velha escola e, como num longo flashback, recorda fatos e eventos ali vividos em seu período escolar.
São oito personagens/alunos que se alternam com alguns professores, permitindo a composição de um painel rico, envolvente e nostálgico sobre a época da formação, resgatando experiências comuns a todos, razão de sua alta comunicabilidade com as platéias.
Uma leitura engraçada, leve, rápida e com certeza é leitura obrigatória para qualquer futuro professor. O mais impressionante é observar que os esteriótipos que Naum cita na sua obra, de professores da época da ditadura, perduraram durante a nossa formação escolar, e quem sabe, ainda habitam as escolas hoje em dia.
Estabele-se ao longo da história uma disputa de poder, onde Stanley usa a sua força, Blanche a sua sedução e Stela a sua aparente lucidez. Vale a pena conferir até onde pode chegar a incompreensão humana e serve como alerta aos futuros professores que encontrarão pela frente várias Blanches e vários Stanleys.
A peça pertence ao ciclo do Realismo Americano, com forte influência da Psicanálise Freudiana. É importante perceber os símbolos que Tennesse coloca ao longo da narrativa, como a necessidade de banhos e de ficar no escuro que Blanche sente. Se não levar em conta que antes de tudo, Um Bonde é uma peça psicanálitica, ela fica resumida apenas a história de uma mulher louca e sem vergonha que se ofereceu pro cunhado. Um bonde fala muito mais que isso. Fala sobre o desejo. O mais brutal de todos os desejos. O desejos dos outros. Revela o quanto precisamos dos outros, e o que pode acontecer quando os outros não levam isso em consideração. Revela até que ponto nosso desejo nos traí, nos leva, nos perturba. Finalizo a dica com o famoso epílogo de Blanche, para mim uma das frases mais lindas da dramaturgia mundial: Seja o senhor quem for, eu sempre dependi da bondade de estranhos.
MACBETH
Clássico de Willian Shakespeare dispensa apresentações. Fala de poder como ninguém. Somente um comentário pessoal: Macbeth não seria ninguém sem a Lady Macbeth. Que personagem
M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A!
MEDÉIA
Clássico do grego Eurípides conta o mito de Medéia, mulher que resolve assassinar seus filhos após a traição de seu marido. Imortalizada no cinema e na música por Maria Callas. Vale a pena conferir e refletir que os atos insanos de uma mulher são defendidos pela conciência social até hoje. Também podemos refletir quantas Medéias existem hoje em nossas cidades, em nossos bairros. E futuramente, quantos filhos de Medéias serão nossos alunos. É incrível a genialidade com que Eurípides escreve o texto, que faz-nos defender uma assassina.
Indico o ciclo das Tragédias Cariocas.
O REI DA VELA
Se não fosse o desiteresse e a fase que o teatro brasileiro passava, a peça de Oswald de Andrade seria o marco do modernismo brasileiro. Dívida que a arte tinha com o teatro desde a Semana de Arte Moderna de 22. O texto da década de 30, perdeu seu posto de marco do Modernismo teatral brasileiro pro magnífico Vestido de Noiva de Nelson Rodrigues, encenado nos anos 40 por Ziembinski. A montagem do polonês para o texto de Nelson foi realmente uma coisa nunca vista no Brasil. Só na década de 60 é que Zé Celso faz a primeira encenação de O Rei da Vela, que é uma crítica cintilante da burguesia nacional. Nunca foi tão atual. Magnífica obra que Oswald nunca viu montada.
ESPERANDO GODOT
Marco do Teatro do Absurdo, o texto de Samuel Beckett, fala sobre a espera, sobre a liberdade. Aliás, fala sobre tudo. A obra do dramaturgo é tão genial que tem um significado pra cada um que lê. É simplismente lindo, além de genial
IVO BENDER
BIOGRAFIAS - Grandes artistas, grandes histórias.
CAZUZA
Eu já li duas biografias de um dos maiores poetas que esse país transformou. Dizer que esse país formou é exagero e dar mérito a quem não merece. Cazuza é um gênio por que canta como ninguém como sentimentos, dores, e frustações. Há o "Cazuza: só as mães são felizes" que conta a vida do poeta através do olhar e das palavras da sua mãe. Livro o qual deu origem ao filme "Cazuza - O tempo não pára" que também vale muito a pena ver! Há, para quem gosta, e quiçá acredita, a obra psicografada dele, intitulada "Faz parte do meu show". Para os que amam as suas letras, como eu, há o "Cazuza: Eu preciso dizer que te amo".
http://www.youtube.com/watch?v=gGVafoghyvo
http://www.youtube.com/watch?v=LqI-5dykYS0&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=hDxSL6912BQ
Vídeos de quem gosta do artista, especial feito pela Globo News.
Vale a pena conferir o nascimento e a morte de uma estrela.
NOITES TROPICAIS
A história e as histórias das personalidades da música popular brasileira nessa obra de Nelsom Motta. Tem coisas hilárias, como a discussão de Tim Maia e Raul Seixas, um defendendo o uso da maconha e o outro da cocaína.
Imortais da Literatura - Para mim, não há nada mais sublime até o momento.
CAIO FERNANDO ABREU
Gosto de dizer que o Caio é o Cazuza da Literatura. Amo os seus contos. Leio sempre. Para quem está afim de conhecer o trabalho, a obra desse cara, indico além de "Morangos Mofados", o "Os Dragões não Conhecem o Paraíso", para mim o melhor livro dele.
ÉRICO VERISSÍMO
O tempo e o vento além de ser uma aula de história, é uma das histórias mais lindas que a literatura nacional já produziu.
PABLO NERUDA
Quem consegue falar de amor como ele? Vale a pena:
A Barcarola
100 Sonetos de amor
GUIMARÃES ROSA
Em ritmo de preparação de espetáculo, ando estudando e lendo muito a obra de Guimarães. Indico Sagarana. Guimarães se sobressai na literatura, não só por eua nova forma de escrever, mas sim, de descrever. Além de ser detalhista em tudo, não deixando a desejar a nenhuma camêra de cinema, Guimarães modifica a corrente regionalista da literatura, trazendo o homem sertanejo as suas narrativas como um filósofo. Coloca essas pessoas em posições de discutir as dúvidas da condição humana. Com certeza, um gênio!
Um comentário:
Pablo,
Ótimas dicas!
E vou querer ver a tua peça.
Luciana
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