terça-feira, 18 de novembro de 2008

Arte e Memória: Anos Rebeldes

O Museu da UFRGS apresenta a exposição Arte e Memória que integram a mostra de vinte e três obras de arte, realizadas nas décadas de 60 e 70 por artistas de vários estados do Brasil que expressam sua contestação política através de suas produções artísticas. Na minha opinião o que me chamou mais atenção na mostra foi a linha do tempo que foi muito bem elaborada e mostra de forma sucinta o processo histórico do Brasil dede a década de 60 até a década de 90. O resgate das fotos dos principais acontecimentos chama muita a atenção!
Semestre passado, no salão de extensão, a UFRGS apresentou a peça de teatro Bailei na Curva, eu fui assistir. A peça tem muito haver com essa exposição, pois tem como pano de fundo os acontecimentos históricos da época como: o golpe militar, a perseguição o assassinato de pessoas, a questão política comunista, liberação social e rock.
É a história de sete crianças que juntas atravessam os primeiros contatos com o mundo que as cerca, a inocência da infância, as dúvidas da adolescência e os problemas do cotidiano, quando então se tornam adultas.
O início da peça se dá no sul do país no começo da década de 60 onde os personagens são ainda crianças e o golpe militar para elas não representa mais que um feriado escolar sendo até motivo de festa, sem que elas percebam como esse fato virá modificar todo o rumo de suas vidas.
Suas vidas começam a se modificar quando a atividade política do país ocasiona mudanças, os filhos de militares são transferidos para Brasília, já os filhos que têm pais com atividades comunistas enfrentam a realidade de ver seus pais sendo presos ou fugindo do país, fazendo com que suas vidas comecem a se modificar em decorrência de um fato que no passado para eles foi apenas um feriado escolar.
A partir daí todo o destino da Nação estaria condenado a um rumo negro e obscuro para todo e qualquer cidadão que se opusesse ao regime ora instalado.
A segunda parte se passa nos anos 70 onde os personagens são adolescentes e tentam se adaptar as mudanças de comportamento, principalmente no tocante à libertação sexual, tudo isso em meio a um grande tumulto político que aos olhos da maioria desses adolescentes passa despercebido, pois a censura não permite que os fatos venham ao conhecimento público e com exceção de uns poucos que tinham um engajamento político já por serem filhos de pais militantes políticos, como é o caso do personagem Pedro, que é torturado e morto, a maioria da geração desse período estavam desinformados da real situação em que se encontrava o país.
Na parte final do espetáculo, já na década de 80 os personagens já se tornaram adultos, alguns se casaram outros não, mas todos trazem em si as marcas desse período de repressão política, liberação sexual, movimento hippie, drogas, rock e finalmente a consciência desse período da história que vergonhosamente extirpou muitas vidas e anulou outras.

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