UM TEXTO INTERESSANTE SOBRE O USO DAS CARTILHAS...
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Vovô não viu a uva
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A era das cartilhas
Até meados da década de 80, vigoravam no Brasil as concepções tradicionais de alfabetização, centradas na idéia de que a escrita se limitava a um código de representação da linguagem oral. O grande ícone dessas concepções tradicionais eram as cartilhas, já que a atenção dos educadores voltava-se para a forma, para os signos e sinais.
Não havia, portanto, preocupação com o entendimento do significado e com contextualização da leitura e da escrita. As crianças eram expostas a textos sem sentido. É o caso do clássico vovô viu a uva. "Muitas vezes a criança não tinha um avô, nem sabia o que era uma uva. Ela repetia e escrevia algo que não fazia parte de seu universo e que, por isso, não contribuía para o desenvolvimento de uma função social para a escrita", observa o diretor de conteúdo do Pueri Domus Escolas Associadas e coordenador das publicações do grupo, Lilio Paoliello.
A percepção de que os métodos tradicionais de alfabetização eram falhos levou os educadores a reverem seus conceitos e a pensarem num novo modelo, calcado no letramento. A nova concepção que surge a partir desse momento enfatiza o uso social e a dimensão simbólica dos textos, cujos significados - determinados histórica e culturalmente - são construídos a partir da interação com os membros da comunidade. A noção de letramento significa que o grande problema não é ensinar a criança os códigos, mas as práticas sociais da escrita. É o letramento que dá sentido à alfabetização.
Extremismo conceitual
No Brasil, muitos educadores ansiosos por abandonar o criticado modelo das cartilhas, interpretaram mal a concepção do uso social da escrita e da leitura. Assim, o conceito de letramento foi levado ao extremo e acabou por sobrepor o de alfabetização, como se eles fossem antagônicos. Esse extremismo levou à disseminação da idéia equivocada de que a alfabetização não necessita de um trabalho pedagógico sistemático.
Na contramão dessa idéia, os conceitos de alfabetização e letramento, apesar de independentes, são indissociáveis e complementares. A tendência a focar o ensino infantil só no letramento gera um quadro de deficiência educacional. Exemplo disso é a grande quantidade de crianças do 5ª ano que não sabem fonemas e grafemas, porque estudaram em escolas que deixaram de lado a sistematização do conteúdo.
Uma das opções para melhorar a qualidade da educação brasileira requer a aplicação de métodos múltiplos, que conciliem alfabetização e letramento. É preciso resgatar a sistematização dos conteúdos da linguagem e atentar para sua importância no processo de aquisição do sistema convencional alfabético e ortográfico, necessário para o uso funcional da escrita.
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E MAIS...
Na minha pesquisa de algo relacionado à exposição do Museu Júlio de Castilhos, “Vovô viu a uva” e encontrei esta pérola da Hanna-Barbera. Confiram:
2 comentários:
Concordo plenamente com o texto postado. O extremo que foi adotado deve ser revisto pois realmente muitos alunos não sabem mais escrever corretamente. Falta a associação da alfabetização com seu significado.Um método pode ser seguido e ter muito significado pro aluno. Pensemos sobre isto...
Abraços, Mára Elisa
òtima descoberta, Clarissa!
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