A educação e a alfabetização se restringiam à elite, e a cartilha acompanhava igualmente esse processo de elitização e exclusão.
As primeiras que chegaram no Brasil eram importadas, dificultando assim seu acesso e disseminação, mas com o tempo a Cartilha consegui ocupar um papel importante na alfabetização brasileira..
Posto aqui, alguns exemplos que encontrei nesse site
http://www.crmariocovas.sp.gov.br/obj_a.php?t=cartilhas01
Método Castilho para o ensino rapido e aprasivel do ler impresso, manuscrito e numeração, e do escrever.Antonio Feliciano de Castilho. Ilustração de Bordallo.
(Obra tão própria para as escolas como para uso das famílias, inteiramente refundida e augmentada de várias lithographias) Antonio Feliciano de Castilho. 2.e. Lisboa: Imprensa Nacional, 1853. [A 1a. edição é, provavelmente, de 1850. Em 1855, Antonio de Castilho veio ao Brasil divulgar seu "Método" de alfabetização.]
Cartilha MaternalJoão de Deus. (Ilustrações de José Rui) Lisboa: Convergência, 1977.
[A 1a. edição é de 1876 e o Centro de Memória da Unicamp possui um exemplar da 5a. edição, publicado em 1881 pela Imprensa Nacional (Lisboa). Maria do Rosário Longo Mortatti (2000) assinala que o método de alfabetização de João de Deus foi introduzido na Escola Normal de São Paulo em 1883, pelo então professor Antonio da Silva Jardim, e registra que em 1897 o governo paulista importou vários exemplares da Cartilha Maternal de João de Deus para distribuir nas escolas do estado.]
ABC da Infância Primeira coleção de cartas para aprender a ler.
107 e. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1956. [De autoria anônima, a 1a. edição dessas "cartas de ABC" é de 1905. Há, entretanto, indícios de que essa publicação é a introdução do Livro da Infância de Augusto Emílio Zaluar, escritor português radicado no Rio de Janeiro. As "cartas de ABC" representam o método mais tradicional e antigo de alfabetização, conhecido como "método sintético": apresenta primeiro as letras do alfabeto (maiúsculas e minúsculas; de imprensa e manuscritas), depois apresenta segmentos de um, dois e três caracteres, em ordem alfabética (a-é-i-ó-u, ba-bé-bi-bó-bu, ai-ei-oi-ui, bai-bei-boi-bui, etc); e, por fim, palavras cujas sílabas são separadas por hífen (An-tão, A-na, An-dei, A-mar; Ben-to, Bri-tes, Bus-car, Ba-ter, etc. A sobrevivência desse livro até 1956, data desta 107a. edição, denota a sobrevivência desse modelo antigo de alfabetização.]
Cartilha Analítica. Arnaldo de Oliveira Barreto
63.e. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1955. [1a. edição 1909. O método analítico alfabetizava com palavras e sílabas, e se opunha ao antigo método, sintético, que ensinava as letras, o bê-a-bá.]
Nova Cartilha Analítico-Sintética. Mariano de Oliveira.
São Paulo: Melhoramentos, s.d. (1a. edição São Paulo: Weisflog & Irmãos [Melhoramentos], 1916). [Esta cartilha tentava conciliar dois métodos de alfabetização, o moderno e o antigo. De acordo com informações da editora Melhoramentos, foram produzidos 825.000 exemplares desde a primeira edição, de 1916, até a última, a 185a. edição de 1955.]
Cartilha Proença. Antonio Firmino Proença. Ilustrações de Oswaldo Storni
11.e. a 15.e.São Paulo: Melhoramentos, s.d. [1a. edição 1926. Até a última edição (84ª) foram produzidos 145.000 exemplares.]
Cartilha do Povo. Para ensinar a ler rapidamente. Lourenço Filho
116.e. São Paulo: Melhoramentos, 1939. [Teve ampla adoção nas escolas.1a. edição, 1928 e última, a 2.204a. edição, 1994. Conforme dados da editora Melhoramentos, foram produzidos mais de 10 milhões de exemplares. Um fato curioso da Cartilha do Povo foi a omissão do nome de seu autor até a 115ª edição com o intuito de reforçar seu "caráter popular".]
Cartilha Sodré: Benedicta Stahl Sodré
219.e. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1951. [Não foi possível localizar a editora que publicou as primeiras edições, cuja 1a. edição é de 1940. A partir da 46a. edição, de 1948, a Cartilha Sodré passou a ser publicada pela Companhia Editora Nacional. Conforme dados da editora, de 1948 até 1989, data da última edição, a 273a., foram produzidos 6.060.351 exemplares. Em 1977, ela foi remodelada por Isis Sodré Verganini. Além da alteração no formato da cartilha, foram acrescentadas mais de 30 páginas.] Diário de Lições. Delphina Spiteri Passos [Caderno do professor indicando como se deveria trabalhar em sala de aula com a Cartilha Sodré, lição da para.]
Caminho Suave (Alfabetização pela Imagem): Branca Alves de Lima
68. e. São Paulo: Branca Alves de Lima, 1965. Aprovado pela Comissão Nacional do Livro didático (Pareceres no. 398 e 431 de 1948). [Essa cartilha, cuja 1a. edição é de 1948, parece ter sido um fenômeno de vendas no Brasil: calcula-se que todas edições, até a década de 1990, venderam 40 milhões de exemplares.] Há um exemplar de edição bem posterior, dos anos de 1980, quando a cartilha foi modificada e vários exercícios foram incluídos.
No Reino da Alegria : Doracy de Almeida.
São Paulo: IBEP, s.d. [Publicada pelo IBEP - Instituto Brasileiro de Edições Pedagógicas em 1974, a cartilha No Reino da Alegria tem formato bem maior que suas antecessoras. A introdução de exercícios após cada lição e o uso dos quadrinhos e tiras nas ilustrações foram também inovações importantes.]
2 comentários:
Marcela, encontraste algumas "pérolas" nessas cartilhas antigas, muito legal. Quanta coisa pra pensar a partir desses manuais de alfabetização. Que resquícios vemos dessas cartilhas ainda hoje?
Marcela, achei fantástica a tua postagem!! Havia procurado sobre as cartilhas, mas quando vi as relíquias que achastes, fiquei impressionada!! Estes manuais de alfabetização são o princípío de uma análise que depois foi seguida pelo construtivismo. Pena que o extremo da metodologia pedagógica levou a educação a este ponto que estamos tentando reverter atualmente. A cartilha Caminho Suave fez parte de minha alfabetização. Me lembro que eu ficava olhando aquele desenho da capa e tentava entendê-lo. Pois era uma "Caminho Suave"... o que isto queria dizer? Coisas de criança...? Abraços, Mára Elisa
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