Tenho dois sentimentos em relação a estas novas propostas: esperança e medo. Esperança porque finalmente os professores tem a oportunidade de direcionarem o seu próprio trabalho, avaliar e propor novas formas de fazer mais e melhor. Medo porque os professores podem não aproveitar da melhor forma esta oportunidade e outros setores diretivos podem manipular a seu favor as novas propostas. Fiquei muito feliz quando vi que existe uma preocupação em relação ao jovem que está no ensino médio. Grande parcela deles necessariamente já começa a trabalhar neste período para ajudar em casa, e muitas vezes ou o seu rendimento é prejudicado, ou largam a escola para trabalhar exclusivamente. Possibilitar bolsas de estudo, pesquisa, como é possibilitado ao universitário, acredito que já será um bom início para estimular o jovem a continuar os seus estudos. Seria ilusão pensar que eles não precisam de um estímulo financeiro. A promoção de atividades sociais para integrar o jovem na sua comunidade é de vital significação. O jovem tem uma tendência forte a olhar somente para os seus problemas, e esquece-se que existe um mundo a sua volta com problemas seríssimos, e que ele é parte importante, é peça-chave de transformação. Conscientizá-lo a respeito disso é fundamental. O teatro, neste caso, entra com força total, quando mostra que existe, além da obra estética, um questionamento, uma crítica ao mundo em que vivemos. Mostrar ao jovem ,por exemplo, que não existem só atores no teatro, existem figurinistas, maquiadores, iluminadores, diretores, responsáveis pelo cenário, divulgadores, e que todos são importantes na constituição da obra teatral. A escola, reconheço, não está preparada para este olhar. Ela foi moldada para formações em série, como uma fábrica que produz força de trabalho, para o nosso mundo tecnicista e capitalista. Cabe a nós, professores, tentarmos, ao menos, colocar em prática parte desse novo olhar. Alguns colegas podem me chamar de idealista, e que isso nunca vai mudar, como já me disseram, mas eu quero tentar. Se realmente não acreditasse nisso, iria fazer outra faculdade, ou mudar de país.
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