Com 'pouca' coisa pra fazer no feriado eu acabei lendo um texto que eh muito interessante. Recolhi uns dados para repassar para o grupo para complementar nossa discussão sobre interdisciplinaridade:
Organização dos currículos: o modelo linear disciplinar
A forma mais clássica de organização do conteúdo escolar, ainda hoje, é o modelo linear disciplinar, ou conjunto de disciplinas justapostas, na maioria das vezes de uma forma bastante arbitrária. Para Santomé (1998:110), as principais críticas a esta forma de organização partem da percepção de que, nesta forma, presta-se insuficiente atenção:
- aos interesses dos estudantes:
- à experiência prévia dos estudantes, a seus níveis de compreensão, seus ritmos, com a conseqüente não estimulação dos necessários conflitos sociocognitivos;
- à problemática específica do meio sociocultural e ambiental do alunado, principalmente quando é privilegiado o uso do livro-texto;
- às relações pessoais entre estudantes e professores e professoras devido ao desmembramento artificial da realidade em disciplinas diferenciadas;
- às dificuldades de aprendizagem decorrentes da constante mudança de atenção de uma matéria para outra;
- à falta de nexos entre as disciplinas e o decorrente esforço de memorização que tal fato acarreta;
- à incapacidade para ajustar ao currículo questões práticas, interdisciplinares, atuais, perguntas mais vitais, não confinadas, geralmente, nos limites das áreas disciplinares;
- à inflexibilidade de organização do tempo, espaço e recursos humanos para viabilizar visitas, excursões, experiências diferenciadas, no recinto escolar;
- à pesquisa, ao estudo autônomo, à atividade crítica e à curiosidade intelectual;
- ao papel do professor e da professora como pesquisadores capazes de diagnosticar, propor e avaliar projetos e currículos.
O currículo integrado: possibilidades
Por outro lado, ainda segundo Santomé, o currículo integrado permite:
- trabalhar conteúdos culturais relevantes;
- abordar conteúdos que são objeto de atenção em várias áreas de conhecimento;
- levar a pensar interdisciplinarmente, criando hábitos intelectuais de levar em consideração diferentes possibilidades e pontos de vista:
- favorecer a visibilidade dos valores, ideologias e interesses presentes em todas as questões sociais e culturais, o que a organização do currículo por disciplinas dificulta perceber;
- favorecer o trabalho colegiado nas escolas resgatando a idéia de “corpo docente”;
- preparar para a mobilidade profissional futura;
- aumentar a probabilidade de surgimento de novas carreiras e especialidades – interdisciplinares – que permitam enfrentar novos problemas e desafios;
- estimular a análise de problemas concretos e reais e o conseqüente surgimento de pessoas criativas e inovadoras.
O texto foi extraído do livro Planejamento em destaque: análises menos convencionais de Maria Luisa M. Xavier et al. – Porto Alegre: Mediação, 2000. 170 p. (Cadernos de Educação Básica, 5)
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