Olá, pessoal!
A seguir, tem a opinião de um entre doze pensadores que refletiram sobre a educação do futuro, mais precisamente, daqui a 25 anos. Achei que casou bem com o título acima, o qual recebi para realizar uma pesquisa e colocar no blog.
Gilson Schwartz
" Abriu o e-mail e baixou o santo.
Era de um professor e pesquisador brasileiro que trabalhava em uma escola de ensino médio no Senegal, enviado em 14 de julho de 2030. Será que é spam?
Assunto: Funcionou!
Data do envio: 14 de julho de 2030
De: Professor Fernando Spin (spin2030@spina frica.org)
Para: Jonas Yoruba
C/C: Sinapse, edição especial, julho, 2003
valeu muito vc ter blogado teu lance com os hiphackers. estamos usando super por aqui. a rede sobre saúde e desnutrição já tem versões traduzidas para 15 dialetos africanos, resultado da cooperação entre escolas de tribos que, há pouco mais de 20 anos, se matavam pelas ruas. é incrível, mas funcionou: usamos praticamente as mesmas técnicas que tinham funcionado - o quê, uns mais de 15 anos atrás, né?, com a moçada no Rio e em Sampa.
tem um monte de gente dizendo por aí (deve ser coisa do Steve em Oxford, aquele velho maluco!) que vamos faturar o Nobel da Paz. acham que as nossas redes de aprendizado foram o "elo perdido" que permitiu a eliminação da Aids na África.
lembra do Moussa, do Senegal? ele deu o primeiro alerta, era uma tese de doutorado no início do século, dizia que Aids era lida como "síndrome americana contra o amor entre os africanos".
rolaram então vários projetos muito em cima dos blogs em que escolas e telecentros do Brasil agitavam aquele papo tipo Paulo Freire digital. e a moçada... sem chance, sem chance! taí, foi 10! :-) sem falar na onda de mestrados e doutorados que saíram da história (ou melhor, entraram nela!).
meu, foram aqueles blogs da Bahia que colocaram as escolas da perifa em contato com uma rede de conhecimentos sobre desnutrição, violência e direitos digitais.
e esse Nobel, hein? será mesmo que levamos? tão dizendo que seria entregue para a Luara, aquela líder angolana que puxou as conexões entre escolas, sindicatos e postos de saúde. uma visionária sem diploma que multiplicou por mil o número de diplomas em práticas de saúde no país.
olha, te dou a notícia em primeira mão: estou saindo da África, depois de dez anos de trabalho por aqui. 65 anos... acabo de receber um convite para participar da montagem de uma rede entre escolas e cavernas digitais na Índia. claro, o fato de não terem ainda resolvido o problema da fome por lá também me anima a encarar o novo desafio. acho que o nosso Paulo Freire digital ainda tem muito a fazer! se funcionou em São Paulo, no Brasil e na África, tem que dar certo na Índia também!
desculpa te mandar um e-mail tão longo em vez de acionar o nosso bom e velho videofax, mas neste exato momento estou participando de uma videoconferência com 3.000 escolas públicas que desenvolvem projetos sociais. é meio que a formatura da moçada. o canal de vídeo ficou pesado demais e só dá para mandar e-mail. essa infra continua não dando conta do recado! @$!*&!
AQUELE abraço "
[Gilson Schwartz , 43, é economista e sociólogo. É diretor acadêmico da Cidade do Conhecimento do Instituto de Estudos Avançados da USP (www.cidade.usp.br ). É membro do comitê diretor da Rede Internacional de Pesquisa sobre Inteligência Coletiva para o Desenvolvimento Humano, coordenada por Pierre Lévy, da Universidade de Ottawa.]
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