quarta-feira, 5 de setembro de 2007

6ª Bienal do Mercosul : A Terceira Margem do Rio



O que uma exposição de arte contemporânea pode ajudar a pensar sobre os tempos e espaços escolares? Porto Alegre tem o privilégio de contar com a Bienal do Mercosul, de setembro a dezembro de 2007. O que uma exposição dessas pode ter a ver com as diferentes disciplinas na escola? Vamos descobrir?


Uma palavra-chave pra pensar: metáforas


Divulgação
Professores de Porto Alegre na obra 'Marulho', de Cildo Meireles http://www.estadao.com.br/arteelazer/not_art44445,0.htm

6ª Bienal do Mercosul: A Terceira Margem do Rio

http://www.bienalmercosul.art.br/

Na história “A Terceira Margem do Rio” de João Guimarães Rosa, de 1962, um homem decide súbita e inexplicavelmente viver em um barco no meio do rio; rio em cujas margens ele vivera antes uma vida aparentemente normal com a sua família. O barco, também inexplicavelmente, permanece estacionário neste lugar. Após certo tempo, sua família passa a aceitar sua presença silenciosa, e assim ele constitui uma terceira margem para esse rio, mudando sua ecologia cultural para sempre através de sua presença teimosa.
Essa metáfora de uma terceira margem ressoa em muitos níveis como uma necessidade profundamente humana e contemporânea de se ir além das oposições binárias que estruturam as nossas vidas. Após um século XX repleto de jogos de soma zero entre a esquerda e a direita, o formal e o social, o velho e o novo, ou qualquer número de construções mutuamente-destrutivas similares, a terceira margem abre a possibilidade para uma perspectiva independente, um espaço no meio a partir do qual ambas as alternativas podem ser vistas, julgadas e consideradas. A terceira margem é, desse modo, um espaço radicalmente independente, um espaço livre de dogmas ou imposições, um lugar de observação. A terceira margem também une os que antes eram antagonistas num único campo de discussão. Quando Heidegger discutiu a imagem de uma ponte, ele poderia estar falando de uma terceira margem: “A ponte […] não une somente as margens que já estavam lá. As margens emergem como margens somente na medida em que a ponte atravessa o regato […] Ela traz o regato, a margem e a terra para a vizinhança um do outro. A ponte congrega a terra como uma paisagem em torno do regato.”¹ Numa paisagem mental, a ponte é a terceira posição que une as duas ideologias opostas, permitindo uma distância crítica de ambas, e a possibilidade de vê-las como parte de um mesmo sistema.

Projeto Pedagógico da 6ª Bienal do Mercosul
O projeto pedagógico é considerado fundamental no projeto curatorial da 6ª Bienal do Mercosul. A partir de diretrizes do Conselho de Administração da Fundação Bienal do Mercosul, sua diretoria tem realizado um significativo esforço no sentido de priorizar e consolidar as ações pedagógicas da Bienal do Mercosul. Conforme Beatriz Johannpeter, diretora de educação da 6ª Bienal do Mercosul, "o projeto pedagógico se antecipa e se expande, pensando a visita à exposição como uma das etapas de um importante processo educativo iniciado em 2006 e que prevê uma série de ações ao longo de 2007". Essas ações contemplam o envolvimento de professores das redes pública e privada de ensino com acompanhamento até a visita dos alunos à exposição; a realização de ciclo de conferências e mesas-redondas; a inserção do projeto da 6ª Bienal do Mercosul no calendário escolar da Rede Pública de Ensino/RS; a realização de simpósios de arte-educação e encontros com mais de 7,5 mil professores do interior dos Estados do RS e SC; a realização de curso para formação de Mediadores; a produção e distribuição de Material Educativo para escolas das redes públicas e privada; o transporte gratuito para até 100 mil estudantes da rede pública e instituições carentes; e o projeto Diálogos - que contempla a comunidade artística local. O curador responsável pelo projeto pedagógico, Luis Camnitzer, figura das mais relevantes e reconhecidas no campo da arte e da educação, propõe uma inovadora reconfiguração do programa educativo, desde suas metas até sua implementação. Para o curador, o espectador deve ser visto como ser criativo e não como mero receptor passivo de informação.

Espaço pedagógico e Estações pedagógicas
Durante a mostra, junto aos espaços expositivos dos Armazéns, do MARGS e do Santander Cultural, foram construídas 20 estações pedagógicas, além de um espaço educativo multiuso. As estações pedagógicas são espaços interativos junto a determinadas obras de arte, na qual o artista vai explicar seu processo criativo e o problema com o qual estava trabalhando para chegar no resultado da obra. O público, por sua vez, pode deixar seu depoimento, opinando sobre o resultado e trocando experiências com o artista. Os locais de exposição - Armazém A3, MARGS e Santander Cultural - vão contar com espaços pedagógicos compostos de sala de pesquisa, auditórios, sala de atendimento para o professor, ateliê para uso do público escolar, e sala para exposição dos trabalhos realizados pelos alunos.

Os roteiros disponíveis são:
Roteiro 1 - Exposição Monográfica - Jorge Macchi, no Santander Cultural
Roteiro 2 - Exposições Monográficas - Francisco Matto e Öyvind Fahlström, no MARGS
Roteiro 3 - Conversas nos Armazéns A3 e A4 do Cais do Porto
Roteiro 4 - Zona Franca nos Armazéns A5 e A6 do Cais do Porto
Roteiro 5 - Três Fronteiras no Armazém A7 do Cais do Porto
( vamos visitar este roteiro no dia 13 de setembro)

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