segunda-feira, 21 de abril de 2008

Que tempos e espaços escolares?

Hora de retomar algumas questões: quais os tempos e espaços da escola? A educação só acontece na escola? Em que outros espaços acontece educação?
O que exposições como a do Festival de Linguagem Eletrônica (FILE) ou um espaço de educação não- formal como o "Vida Urgente" podem nos dizer sobre isso? Que provocações e deslocamentos nos fazem, como professores/as ou futuros professores/as?

Outra questão fundamental para nossas discussões: de que modo nossas áreas de conhecimento podem "conversar" na escola? A filosofia pode aprender com o teatro, que pode aprender com a sociologia, que pode aprender com a química e matemática, e com as artes visuais? Temos abertura suficiente para isso? O que vocês acham disso?


“O principal problema que hoje enfrentam nossas escolas e universidades é a narrativa dominante sobre a educação na qual se inserem e sua dificuldade em mudá-la. As narrativas são formas de estabelecer a maneira como há de ser pensada e vivida a esperança. Uma forma de narrativa muito poderosa no terreno educativo é aquela que tende a naturalização: “As coisas são como são e não podem ser pensadas de outra maneira”. Assim sendo, supõe-se que:
- a única forma que se tem de agrupar os alunos é por idades;
- apenas um professor há de trabalhar por vez em cada grupo;
- os livros-texto são a fonte prioritária do aprendizado;
- o espaço da sala de aula há de ser fechado para facilitar o controle do grupo;
- as provas dão conta do que os alunos têm aprendido;
- separar por disciplinas, como divisões estanques, é a melhor forma de planejar o que se deve ensinar;
- os horários (fragmentados como uma grade televisiva) são a única maneira de organizar o tempo escolar;
- o exercício e a repetição são as melhores formas de favorecer o aprendizado;
- os alunos são uns indolentes e não têm interesse por nada, e que, por isso, há de se separar os melhores do resto;
- os professores são umas vítimas sofredoras, desamparadas e sem reconhecimento de seu trabalho.
(...)”.

HERNÁNDEZ, Fernando. O problema está na narrativa e na resistência em mudá-la. In: ________. Catadores da cultura visual: proposta para uma nova narrativa educacional. Porto Alegre: Mediação, 2007. p. 11-17.

2 comentários:

camila galarza disse...

Depois das nossas visitas (apesar de eu não ter ido no Vida Urgente) ficou bem claro que as nossas áreas de conhecimento podem se comunicar. Com certeza é muito mais interessante aprender um conteúdo que possa ser explorado por outras disciplinas. E, com certeza, temos que conversar com nossos colegas, aprender a trabalhar em grupo, ser criativos.
Os tempos e espaços da escola são mais amplos do que eles parecem ser. A educação não acontece só na escola, na verdade, acontece em diversos espaços.
Vimos que basta procurar para encontrar lugares que sejam apropriados para as nossas aulas.
Depois de conversarmos em aula, vi que a dimensão de idéias e trabalhos que podem ser realizados entre diversas áreas, é bem maior do que eu imaginava. Pronto! Bastava isso pra eu perceber que basta querer. Não podemos nos acomodar frente a livros didáticos, quadro e caderno. Devemos sim ir em busca de coisas diferentes, que sejam prazerosas para o aluno e para nós (futuros) professores também.
Fiquei de cara quando uma professora veio me falar que a mídia nos influencia muito (até aqui eu concordo) e que quando nós pensamos estar pensando, na verdade estamos sendo manipulados, o nosso pensamento foi manipulado pela mídia. Fiquei muito triste em ver que ainda existem pessoas que preferem se acomodar e pensar pequeno. O pior de tudo é que elas tentam desmotivar quem está tentando fazer coisas novas, que está começando e realmente quer inovar alguma coisa.

Carol B. disse...

Acredito sim na possibilidade de trabalharmos temas interdisciplinares, mas acho que não há abertura nas escolas para isso. O que acontece é que muitas vezes a coordenação de uma escola olha de modo estranho quando um professor tenta "transgredir" parâmetros tão pré-determinados. Só para ilustrar: em muitas escolas, aula de artes serve para fazer objetos de decoração (páscoa, natal, dia das mães...).
Minha principal dúvida a respeito disso é: como você sendo professor pode mudar isso? Nós professores temos autonomia para isso?
Já na questão dos lugares de aprendizagem, esse deslocamento é muito importante, mas devemos mostrá-los não como um passeio simplesmente, mas sim como algo que pode ser recorrente e diário (que outros lugares também posso aprender?). E mais: o professor deve instigar o intersse nas visitas, torná-las motivadoras de descobertas e novos desafios.