terça-feira, 18 de agosto de 2009

Pensando sobre tempos, espaços e fronteiras


Primeiro quero agradecer a professora Luciana Loponte por me aceitar como sua estagiária. É sempre muito proveitoso passar algum tempo no mesmo espaço contigo, seja pelas questões que provocas ou seja pelo conforto em outros momentos. Quando penso em tempo, espaço e em atravessar fronteiras, é inevitável pensar em teatro. Grotowski, um diretor polonês, se propôs a tirar tudo do teatro que não fosse realmente fundamental, a fim de repensar o espetáculo. Assim como ele, outros diretores e atores se dedicaram e se dedicam a pensar o mínimo que precisa para que o teatro aconteça. Um corpo no tempo e no espaço. Seria isso? O tempo pode ser o presente da representação mas também é o tempo em que a ação teatral acontece, o tempo da história que é contada (quando há história). O espaço é o espaço real onde a apresentação acontece e o espaço real ficcional.
É dificil dizer onde está o teatro numa representação. Peter Brook, diz que teatro é aquilo que acontece entre o ator e o espectador e ai, posso pensar: num determinado tempo e espaço. Então o teatro pode romper a fronteira dos corpos, de tempos e espaços e um encontro acontece.
Quando penso numa aula, penso também no mínimo que é necessário para que ela aconteça, e pensar no mínimo não quer dizer que ela seja ruim, pobreza de idéias. Talvez exija mais de quem a lidera por não dispor de recursos tecnológicos. Pensar uma aula como um evento teatral para mim, não é pensa-la como espetáculo, no sentido de mega-eventos e sim, desse encontro entre ator e platéia de que fala Brook. E um encontro nem sempre é harmonioso, isento de conflitos, mas pressupõe o desejo de ambas as partes de se encontrarem e se afetarem. E quando algo nos afeta nos altera de alguma maneira (é o que dizem). Ao pensar o professor como ator (e isso outros já fizeram) me inspiro nesse ator que deseja não enganar o público ou saciar seu ego com os aplausos no final, mas ter um encontro sincero. Um professor curioso, inquieto com seus saberes, entusiasmado com o mundo pode proporcionar bons encontros ? Pode ensinar mais que o conteúdo?
Não sei...aproveito o espaço para atravessar fronteiras livremente, mesmo que com breves pinceladas, burlando algumas convenções acadêmicas. Enfim, pensar em voz alta, talvez alguém além de mim se afete com isso, talvez não.
Bom semestre para todos nós.

2 comentários:

Márcia Böckler disse...

Pois eu me afeto!
Bom semestre para nós, com ou sem esse tal de álcool gel...

Unknown disse...

"...um encontro nem sempre é harmonioso, isento de conflitos, mas pressupõe o desejo de ambas as partes de se encontrarem e se afetarem."

Tuas palavras me fazem pensar em minha mãe, professora a quase 50 anos, que diz que nunca tinha passado por uma geração tão difícil de afetar. Por que isso se dá?