segunda-feira, 12 de abril de 2010

Para onde vamos? Onde queremos chegar?

Ao ler o post do Guilherme, logo me veio em mente a fala que ouvi no sábado, na Formação de Professores da Fundação Iberê Camargo.
[obs: ia deixar para postar durante a semana, para primeiro ler e pensar mais sobre o assunto, mas aí, antes de desligar o PC resolvi postar o que escrevi hoje mesmo, para não adiar e consequentemente não postar em função da tal ‘falta de tempo’. O texto pode estar meio confuso, mas são tantas coisas borbulhando na minha cabeça... enfim, é o penso hoje sobre o assunto. Amanhã, não sei...]
Voltando:
Quem estava presente, era Luiz Camnitzer curador pedagógico da 6ª Bienal do Mercosul e da FIC. Ele comentou justamente sobre essa arrogância, presente em muitos professores “donos da verdade”. Citou dois tipos de professores: aqueles que tem um monte de informações e que distribuem aos alunos, que aí pensam estar educados; e aqueles que reconhecem não saber tudo e que buscam essa construção (do conhecimento) junto com os alunos – professores e alunos deveriam/devem formar uma equipe, e ainda diz (entre risos) que o estado deveria financiar ambos.
No caso de algumas áreas – principalmente nas humanas, ainda há um não reconhecimento da área específica. Percebe-se isso quando faltam professores com a formação específica, e aí qualquer um pode então lecionar a disciplina (artes, filosofia, sociologia...).
Mais uma amostra da dificuldade, dos professores e das pessoas em geral, em ser modestos e assumir a própria ignorância. Ninguém consegue saber tudo. Parece que nos tempos que vivemos, não há tempo para a experiência. Não há tempo a “perder” com reflexões. Todos precisam estar ligados em tudo, mesmo que leram apenas a manchete da notícia, “devem” expressar sua opinião acerca daquilo. E então, continuamos correndo contra o tempo adquirindo conhecimentos rasos, sobre o máximo de coisas possíveis – para assim, não estarmos fora da “realidade” atual... Mas onde será que iremos chegar? Onde queremos chegar???
Encerro [cheia de questionamentos e dúvidas] mas querendo deixar uma citação do texto: Notas sobre a experiência e o saber de experiência, de Jorge Larrosa:

“A experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque, requer um gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos tempos que correm: requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, e escutar mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço.”

Um comentário:

Guilherme disse...

Se tem algo realmente difícil, é reconhecer que o conhecimento deve ser construído dentro da relação professor – aluno. Não é nada fácil para alguém passar pela tortura de um vestibular, por 4 anos com aulas nos mais diversos turnos, com os mais diversos professores, para ao fim disso tudo entrar em uma sala de aula durante 20, 40 ou até 60 horas semanais. Passar por tudo isso e ainda conseguir ver os alunos como iguais (guardadas as devidas proporções), passiveis de produzir tanto conhecimento quanto tu, é um feito realmente raro, pois mexe com algo extremamente delicado, o orgulho.
Mas algo que em geral não percebemos, é que nossa jornada docente após esses 4 anos, só tem sentido e apenas pode continuar, se formos humildes suficientes para aprender com cada um dos diferentes alunos.