O conflito instaurado entre a sociedade (onde se incluem as famílias, as mídias, etc), o sistema educacional e as políticas públicas para educação está criando uma nova geração de docentes com pouca bagagem cultural (cultura literalmente como um todo) e, consequentemente, com imensas dificuldades de gerir o tempo /espaço dentro e fora das salas de aula. Por outro lado, docentes experientes com muito conhecimento, bagagem intelectual impecável, porém com pouca ou nenhuma habilidade para lidar com o choque de valores entre as gerações.
Os discentes, por sua vez, cada vez mais chegam às escolas com lacunas de orientações e valores morais, éticos, de respeito a si, ao outro e ao mundo em que habitam. Preceitos esses, básicos e que deveriam ser aprendidos ainda na infância com os pais e familiares, serem refoçados pela escola e que os ajudaria a desenvolver as relações interpessoais em qualquer âmbito social em que desejassem ser incluídos.
Penso que as narrativas vão surgindo ao longo do tempo na medida em que a frustração de ambos cresce na relação direta entre a intensidade dos encontros e desencontros das relações sociais, intelectuais e interpessoais e o ensino-aprendizagem que não deslancha na medida e condições idealizadas por todos. As narrativas são os meios que tentam justificar os fins. Colocam véus que encobrem a descrença e a desmotivação de todos.
Mudar essas lentes com que se vê a Educação vai muito além de gerir os tempos e espaços escolares e ultrapassar as fronteiras da escola. Exige de cada um de nós, para começar, o que Paulo Freire já preconizava:
"Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível."