segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O conflito instaurado entre a sociedade (onde se incluem as famílias, as mídias, etc), o sistema educacional e as políticas públicas para educação está criando uma nova geração de docentes com pouca bagagem cultural (cultura literalmente como um todo) e, consequentemente, com imensas dificuldades de gerir o tempo /espaço dentro e fora das salas de aula. Por outro lado, docentes experientes com muito conhecimento, bagagem intelectual impecável, porém com pouca ou nenhuma habilidade para lidar com o choque de valores entre as gerações.
Os discentes, por sua vez, cada vez mais chegam às escolas com lacunas de orientações e valores morais, éticos, de respeito a si, ao outro e ao mundo em que habitam. Preceitos esses, básicos e que deveriam ser aprendidos ainda na infância com os pais e familiares, serem refoçados pela escola e que os ajudaria a desenvolver as relações interpessoais em qualquer âmbito social em que desejassem ser incluídos.
Penso que as narrativas vão surgindo ao longo do tempo na medida em que a frustração de ambos cresce na relação direta entre a intensidade dos encontros e desencontros das relações sociais, intelectuais e interpessoais e o ensino-aprendizagem que não deslancha na medida e condições idealizadas por todos. As narrativas são os meios que tentam justificar os fins. Colocam véus que encobrem a descrença e a desmotivação de todos.
Mudar essas lentes com que se vê a Educação vai muito além de gerir os tempos e espaços escolares e ultrapassar as fronteiras da escola. Exige de cada um de nós, para começar, o que Paulo Freire já preconizava:
"Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível."

Educação no teatro : tempos e espaços sem fronteiras



O ensino no teatro nos permite atravessar fronteiras de tempo e espaço sem que as pessoas saiam de um determinado ambiente. Ele trabalha diretamente com estes fatores.
Ao determinarmos uma ação, temos o desprendimento contínuo do tempo. Com o uso necessário da repetição de ações, as pessoas se predispõem a fazer as mesmas coisas em tempos diferentes em busca da perfeição. E da mesma forma eles são usados para uma representação em sua totalidade.
Mas existem outras relações com o tempo e o espaço.
A encenação de uma peça representa ficticiamente em tempo real algo que ou acontece, ou aconteceu ou que acontecerá. É possível usar das ações do presente para rebuscar o passado.

Em uma área em que a imaginação é sempre bem-vinda pode-se usar a experiência e os fatos do passado para criações novas. São estas novas: as releituras, as reinvenções. Novas caras e velhas opiniões e vice-versa.
A autonomia __ com responsabilidade pedagógica e social, é claro__ que o teatro traz aos professores permite o desenvolvimento criativo e o intelecto de aperfeiçoamento ; pois com ele tratamos a realidade e a ficção sem alterá-las de imediato. Ensinamos e aprendemos sem limitações de temas, tempos e espaços. Criamos um vínculo com expectador; damos dimensões de tempos distantes através do presente.

Esta a arte não precisa obrigatoriamente de um teto, de portas, de assentos para acontecer e parece-me fantástico o uso dessa abrangência em prol do ensino e da cultura.

A inconformidade é um ótimo fio para se tecer a educação.

Existem muitos conceitos de que a educação tenha mudado, de que o tempo tenha se encarregado disto. A meu ver modificaram-se os meios, as formas e os espaços.
A idéia de que os tempos mudaram e que a escola se engrandeceu só me é válida em dimensões. Todo aparato e problemas nos sistemas de ensino que temos são provenientes de um posicionamento antigo que simplesmente adaptou- se as demandas e aos discursos sócio-econômicos . As escolas são citadas como meios inclusivos __São realmente? __Lugares onde normalmente os bem-sucedidos ou seguidores fiéis de normas (nem um pouco permissivas) destacam-se e como conseqüência uma massa de alunos inconformada é desmotivada por não honrar uma cartilha. Estes não me parecem meios muito inclusivos.
No artigo de Hernández (Fernando), temos idéia das proporções de que métodos ou conceitos podem permanecer durante o tempo. O autor através de uma organizada linha de raciocínio mostra um espelho da paisagem que nos é tão cotidiana. Se já sabemos o que se passa e quais são seus resultados podemos abranger esse objeto de estudo o qual eu chamaria de escola retrógada. Um meio que enfatiza que todos têm que agir da mesma forma dos mesmos modos, ocupando os mesmos assentos, as mesmas posturas e compartilhando as mesmas exigências de talentos é um meio que pressiona, que diminui, que equipara e que apreende as capacidades de criação e desenvolvimento intelectual.
Afinal a inconformidade é um ótimo fio para se tecer a educação. Ao ler “O problema está na narrativa e na resistência em mudá-la.” sinto uma motivação enorme de transformar e quem sabe ver a escola como um espaço de aproveitamento de tempo de saberes e não como um de depósito de informações e de posicionamentos ( fechados para discussão).
O autor me mostrou que não é muito difícil enxergar o que se passa e dar ênfase ao que deve ser explorado. Será que partem daí novas sugestões para constituir um ensino libertador e abrangente?

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Olá consciencias em expansão!

Achei válido este evento, mesmo para quem não vem das Artes. De repente, nem todos sabem do mesmo:

"Educação infantil e arte serão discutidas no Museu (28/08/2009)

O Museu da Universidade e a Faculdade de Educação (FACED) promovem no próximo dia 31, segunda-feira, às 9h30min, a roda de conversa “Sobre ensino de arte na contemporaneidade , mediação, mídias, pedagogias visuais e muitos outros assuntos sobre infâncias e suas linguagens expressivas”. A atividade busca discutir os modos de se fazer o ensino de arte na contemporaneidade, bem como tratar de como se constituem as mídias e as pedagogias visuais que atravessam a arte-educação das infâncias. Participam da roda de conversa Miriam Celeste Martins, da Universidade de São Paulo (USP), Luciana Hahn Brum, do Colégio de Aplicação, Vera Parisotto, da EMEI Tio Barnabé, Alessandra Ilha, do Centro de Desenvolvimento da Expressão, de Porto Alegre, e Susana Rangel Vieira da Cunha, da FACED. A atividade será no Mezanino do Museu Universitário (Av. Osvaldo Aranha, 277 – Campus Centro)."

domingo, 23 de agosto de 2009

o tempo e o espaço de conhecer o ambiente BLOG

Há muito nutria o desejo de conhecer e aprender a utilizar o tão falado BLOG, entendendo que é uma importante ferramenta de trabalho e aprendizagens. Curiosamente sempre tive o desejo de imgressar nessa disciplina. Não sem motivo parace que o destino escolheu unir meus dopis desejos num só para realiza-los da melhor forma, pelo menos penso que é isso que vai acontecer...!
meus anjos trabalhando...
Por uma colisão entre tempo/espaço que não permitiram que eu derrubasse as fronteiras dos meus compromissos profissionais e o horário da disciplina (já consertadas no ajuste) não pude comparecer ao primeiro encontro.

Mas estou atenta ao tempo virtual e adorei receber este convite, pois comecei a conhecer o tempo em que a professora contextualiza conteúdos/alunos.

É uma praxis que inclui todos os tempos e todos os espaços. Não há como não participar.

Obrigada.


Maria Salete M M Pinto

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Pensando sobre tempos, espaços e fronteiras


Primeiro quero agradecer a professora Luciana Loponte por me aceitar como sua estagiária. É sempre muito proveitoso passar algum tempo no mesmo espaço contigo, seja pelas questões que provocas ou seja pelo conforto em outros momentos. Quando penso em tempo, espaço e em atravessar fronteiras, é inevitável pensar em teatro. Grotowski, um diretor polonês, se propôs a tirar tudo do teatro que não fosse realmente fundamental, a fim de repensar o espetáculo. Assim como ele, outros diretores e atores se dedicaram e se dedicam a pensar o mínimo que precisa para que o teatro aconteça. Um corpo no tempo e no espaço. Seria isso? O tempo pode ser o presente da representação mas também é o tempo em que a ação teatral acontece, o tempo da história que é contada (quando há história). O espaço é o espaço real onde a apresentação acontece e o espaço real ficcional.
É dificil dizer onde está o teatro numa representação. Peter Brook, diz que teatro é aquilo que acontece entre o ator e o espectador e ai, posso pensar: num determinado tempo e espaço. Então o teatro pode romper a fronteira dos corpos, de tempos e espaços e um encontro acontece.
Quando penso numa aula, penso também no mínimo que é necessário para que ela aconteça, e pensar no mínimo não quer dizer que ela seja ruim, pobreza de idéias. Talvez exija mais de quem a lidera por não dispor de recursos tecnológicos. Pensar uma aula como um evento teatral para mim, não é pensa-la como espetáculo, no sentido de mega-eventos e sim, desse encontro entre ator e platéia de que fala Brook. E um encontro nem sempre é harmonioso, isento de conflitos, mas pressupõe o desejo de ambas as partes de se encontrarem e se afetarem. E quando algo nos afeta nos altera de alguma maneira (é o que dizem). Ao pensar o professor como ator (e isso outros já fizeram) me inspiro nesse ator que deseja não enganar o público ou saciar seu ego com os aplausos no final, mas ter um encontro sincero. Um professor curioso, inquieto com seus saberes, entusiasmado com o mundo pode proporcionar bons encontros ? Pode ensinar mais que o conteúdo?
Não sei...aproveito o espaço para atravessar fronteiras livremente, mesmo que com breves pinceladas, burlando algumas convenções acadêmicas. Enfim, pensar em voz alta, talvez alguém além de mim se afete com isso, talvez não.
Bom semestre para todos nós.

Tempos/Espaços





Novo semestre. Que tempos/espaços vamos inventar?

Gripe A, atraso no recomeço, mas um semestre que promete: Bienal do Mercosul, duas professoras, mil possibilidades...


A pergunta continua: Quais os tempos e espaços da escola? Que fronteiras ainda precisamos atravessar?

Bem-vindos a disciplina Tempos e espaços escolares: atravessando fronteiras neste segundo semestre de 2009. Explorem o blog, vejam, aprendam e se divirtam com os posts das turmas deste 2007/1.

Imagem: obra de Magdalena Atria, na 6ª Bienal do Mercosul.