segunda-feira, 30 de março de 2009

Sobre o DAD ( Departamento de Arte Dramática)

Pensando a respeito do que me motivaria a escrever sobre o departamento no qual estudo, fui buscar alguns textos que estavam na revista Cena, pertencente ao nosso departamento, e lá encontrei um texto bárbaro de Ivo Bender, grande dramaturgo gaúcho que estudou e ministrou aulas no DAD, sobre um pouco do início de toda esta história, a qual agora compartilho com os colegas.

DE MISTÉRIOS, POMBOS E VINHOS
Ivo Bender



Por muitos anos o Departamento de Arte Dramática teve sua sede numa ruína de dois andares. Tapera, ou casarão mal assombrado, seu chão de entrada, em cerâmica hidráulica com desenhos trompe-L'oeil em preto e branco prenunciava a atmosfera gótica que lá dentro reinava: a velha escadaria de madeira rangia e estalava, mesmo que fosse tão somente por cansados cupins ao roê-la; correntes repentinas de ar cruzavam as salas um tanto inexplicavelmente e, dependendo da luz e da hora, sombras pareciam arrastar-se pelas vetustas paredes.

Os alunos diretores comentavam que, em certas madrugadas, durante os ensaios de final de semestre, vozes ininteligíveis pareciam querer dizer um texto nas salas vazias, aplausos irrompiam do anda , e um piano solitário, rouco de tão antigo, subitamente rompia sua mudez.
Mas não era por esses incidentes um tanto prosaicos que reivindicávamos a ocupação do prédio lindeiro ao nosso. É que o antigo espaço tornara-se pequeno para abrigar os cursos que cresciam ano após ano. Por isso, enquanto a Reitoria decidiu ceder à pressão dos docentes e nos ofereceu o edifício abandonado da rua General Vitorino, resolvemos dele tomar posse inteiramente. E, como gesto emblemático, derrubamos uma porta secreta que ligava os dois prédios.
Construção de quatro pisos, gélida e ressoadora, o edifício já abrigara, em outros tempos, diferentes cursos. Desde há muito fechado, era agora refúgio de pombos e aranhas.
Começamos por abrir portas e janelas emperradas. Entrando numa das salas amplas, deparei com os restos de um pombo branco. O pequeno cadáver ressecado perdera a alvura da plumagem e jazia ali, como que à espera de alguém menos apressado que o devolvesse à terra.
Minha reação inicial foi de repulsa. Logo em seguida de um obscuro sentimento de mau- agouro. Um pombo morto sobre o frio parquê de uma sala desabitada: como interpretar o achado?
Seria prenúncio de que a Reitoria voltasse atrás e talvez nos negasse a nova sede? Ou, quem sabe, nossos cursos seriam definitivamente desativados já que, desde a instalação do regime militar, falava-se no incômodo que o Departamento representava: pois não era em seus cursos que se liam os textos de um tal Bertold Brecht, perigoso comunista alemão? Não era ali que uma certa Electra, filha desnaturada e vingativa, esbravejava contra quem detinha o poder? E, por fim, não era naquelas salas que um simpatizante dos militares desvelava, impiedosamente, as chagas que corroíam a família brasileira? Sim, pois não fosse Nelson Rodrigues um traidor, teria ele escrito coisas como Álbum de Família ou Beijo no Asfalto?
Enquanto minha fantasia trabalhava buscando decifrar o que agora já tinha fora do oráculo, um tênue bom-agouro começou a intrometer-se: mas não são os pombos aves consagradas a Afrodite? E a deusa não preside o amor e as artes? "Claro, mas esse pombo está morto!" "Certo", respondo eu próprio para mim mesmo. "O pombo está morto, a deusa, porém, só pode estar viva. Na dúvida basta ficar atento para as rosas que se abrem ao sol da manhã, basta surpreender os jasmins exalando seu aroma na quietude da noite".
Eu precisava, porém de indícios mais tranquilizadores e menos líricos. No esforço de contrapor uma interpretação menos catastrófica ao que insistia em se mostrar como um vaticínio ameaçador, eu inventava sinais, forjava evidências e chegava a comprovações definitivas: sem dúvida, os deuses voltariam sua face para nós, professores e alunos, mesmo que as autoridades de Brasília continuassem a nos ver como outsider acadêmicos.
Eu não me movera, ainda ali com o pássaro empoeirado a meus pés, minha mente vaga va por um mar de conjunturas. De repente, na inquieta sucessão de imagens, uma forma tomou corpo e, com ela, desenhou-se um nome. A partir daí, impressões e sentimentos cederam lugar para o deus- máscara: sozinho, ele reinava no imponderável espaço de minha fantasia. E fui tomado pela categórica certeza de que o prédio seria nosso, que o Departamento teria longa vida. Pois, desde sempre, não tivera o teatro um deus próprio? Uma divindade um tanto marginal, por certo, um deus feminil e pândego mas quê, nem por isso, era menos deus. Sim, Dionisos certamente defenderia os interesses de seus pesquisadores, com o mesmo empenho com que, certa vez punira um jovem rei em Tebas.
De fato, até o momento em que recolho estas memórias, o Departamento de Arte Dramática continua em sua tarefa de formar profissionais. Assim, Édipo e Macbeth, Hedda Glauber, Arandir e Misael, Lisístrata e Santa Joana dos Matadouros, entre tantos outros companheiros de drama, continuam vivos num tablado da casa. Por isso, não há razão para surpresa quando, na volta de um corredor mal iluminado, flagramos a obsessiva Antígona, em seu lutuoso desafio. Ou quando, apurando o ouvido, distinguimos através das grossas portas os sussurros de Clitemnestra e Egistro, a maquinarem a matança do rei.
A revivescência de situações marcadas pelo pranto ou pelo riso, com seu desfile de máscaras e aparições, tem certamente a mão de Deus no comando. Ou, melhor dito, a mão dos deuses. Se o leitor duvida, convido-o a visitar o maltratado prédio da General Vitorino. Ali, a qualquer hora do dia, pode-se observar a revoada de pombos na face fronteira do edifício. São as aves de Afrodite a demarcar um território há muito pertencente à deusa.
Mas se os pássaros não são evidência bastante, resta entrar em casa. O visitante notará, aqui e ali, umas nódoas escarlates entranhadas no chão. "Alguém, numa festa antiga, derramou vinho por aqui" , dirá sem disfarçar a malícia no sorriso. E seguirá adiante, pisando nos rastros deixados por um bêbado Dionisos.

Revista Cena Ano 1/Nº 1 - Abril/2000


Tem Teatro pra ver na Corpo Santo !

É com grande satisfação que o Departamento de Arte Dramática da UFRGS
dá início às atividades da 7ª Mostra Anual de Teatro Universitário -
Teatro, Pesquisa e Extensão.


DOIS PERDIDOS NUMA NOITE SUJA
Todas as QUARTAS de ABRIL
sempre às 12h30min e às 19h30min
Sala QORPO SANTO (C. Central UFRGS/ Av. Paulo Gama s/n)
ENTRADA FRANCA
Sinopse:
Dois Perdidos Numa Noite Suja conta a história de Paco e Tonho que
dividem um quarto de pensão e tentam desesperadamente uma saída para a
vida miserável que levam como carregadores de um mercado. Um perigoso
jogo psicológico se desenvolve entre os dois personagens, numa relação
conflituosa e ambígua onde a violência ressurge a cada instante,
arrastando-os para um caminho de soluções extremas.

Ficha Técnica:
Texto: PLÍNIO MARCOS
Elenco: DOUGLAS CARVALHO e PATRICK PERES
Direção: LEANDRO RIBEIRO
Sonorização: LEANDRO RIBEIRO
Criação de Luz: FABIANA SANTOS
Trabalho originado na disciplina Estágio de Atuação II sob orientação
de: MOIRA STEIN

sexta-feira, 27 de março de 2009

FABICO - Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação

A Fabico (Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação) é a faculdade da UFRGS que abriga os cursos de Biblioteconomia, Arquivologia, Museologia e Comunicação Social: Jornalismo, Relações Públicas e Publicidade & Propaganda. O prédio da Fabico constitui-se de cinco pavimentos (oito, segundo os botões do elevador), contendo diversas salas de aula, laboratórios, dois centros de convivência para os alunos, uma biblioteca e um auditório.

A habilitação em Jornalismo é a mais antiga do curso de Comunicação Social da UFRGS. Antes da existência do prédio da Fabico, a mesma estava atrelada ao curso de Filosofia, no Campus Centro. Na época em que foram criadas as demais habilitações, e aproveitando o prédio recém-construído, a sede da faculdade de Comunicação foi transferida para o local atual. Muitas pessoas vêem o fato como uma manobra do governo de então para fragmentar a militância estudantil de oposição da época, já que o curso de Jornalismo era tido como um "foco de subversão".


Cronologia

1947 - Implantação do curso de Biblioteconomia.
1952 - Implantação do curso de Comunicação Social.
1970 - Inauguração do prédio da Fabico.
1984 - Reestruturação do currículo do curso de Comunicação Social.
1999 - Implantação do curso de Arquivologia.
2000 - Reestruturação do currículo do curso de Biblioteconomia.
2006/2007 - Reformas na estrutura do prédio.
2008 - Implantação do curso de Museologia.
2009 - Nova Reestruturação do currículo do curso de Comunicação Social.
(fonte:
wikipedia)


Telhado Vivo
Em 2008 foi implantado no prédio um telhado vivo. Uma solução verde encontrada para substituir a antiga cobertura de alumínio, que gerava incômodos reflexos no interior do prédio, além de cozinhar os alunos durante as aulas no primeiro andar. Além de colaborar no equilíbrio da temperatura interna do prédio, o telhado vivo faz com que, em dias de chuva, a água não caia do telhado em uma bela cachoeira, que banha os alunos já na porta da FABICO.

terça-feira, 24 de março de 2009

SerEstarFicar na UFRGS



"Os prédios-lugares da Universidade mostram-se cenários de infinitas composições. Formas, tamanhos, cores, texturas, arredores, testemunham existências do serestarficar UFRGS. Quem os (des)conhece? Quem os contempla? Os espia? Quem por eles zela ou os abandona? Quem acalenta suas histórias ou as apaga?" http://www.museu.ufrgs.br/


A exposição Invisíveis Lugares no Museu da UFRGS traz um olhar diferente aos prédios que ocupamos diariamente. Qual a nossa relação com esses espaços? Que conhece a história desses espaços? E a Faced? Quais os invisíveis lugares deste espaço?




quarta-feira, 18 de março de 2009

Cultura Visual

Aqui vai um trecho do texto


Cultura Visual no Ensino da Arte Contemporâno:


singularidades no trabalho com as imagens


de Erinaldo Alves Nascimento


que fala um pouco dos espaços e tempos nas Artes Visuais relacionados a cultura visual:




"7-Não comunga com qualquer concepção de educação e de currículo - como a persistência do passado torna difícil pensar uma escola diferente, a cultura visual também pretende ser uma tentativa de reorganização do espaço, do tempo, da relação entre docentes e alunos e dos saberes a serem ensinados. Não entende o currículo como uma "grade curricular", mas como qualquer lugar ou oportunidade na qual se constitui ou se transforma a experiência de si. O brincar no recreio, participar de assembléias, de festivais, assistir filmes, fazer visitas, ver imagens, tudo é visto como elementos integrantes do currículo."

terça-feira, 17 de março de 2009

Em tempo!

Até o dia 29 de março a amostra do Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS (MCT) vai estar no Praia de Belas Shopping, são mais de 60 experimentos interativos e outras exposições. Eu já fui conferir, está bem legal (ainda mais porque não precisa pagar). Para mais informações consultar o site do shopping.



Outra oportunidade é a palestra "Sobre moscas e peixes: o surgimento dos vertebrados" com a prof. Dr. Christiane Nüsslein-Volhard (Nobel Medicina/Fisiologia 1995), amanhã, dia 18/03/09, as 18:30, no prédio 40 da PUC, com entrada franca (com transmissão ao vivo). Esta palestra faz parte da Exposição (R)Evolução que está ocorrendo na PUC para homenagear o Ano de Darwin (em 2009 comemoramos 200 anos do nascimento de Charles Darwin e 150 anos de publicação do seu livro "A Origem das Espécies").
Tempos e Espaços nas Artes Visuais

Os espaços de uma aula de artes podem e devem ser os mais variados possíveis. Para começar não sei nem se o termo “aula de artes” é viável, visto que, do meu ponto de vista, ninguém ensina arte, mas sim incentiva o gosto por ela, a sua interpretação e a sua produção. Levando em consideração esse conceito, é pertinente que a convivência com ela comece desde cedo e seja frequente e discutida, fazendo visita a exposições, conversando com artistas dentro ou fora da sala de aula. É importante também desenvolver o olhar do estudante com provocações, estimulando o olho e o pensamento com imagens diversas e evitando as paredes brancas e o quadro negro da sala de aula que só minimizam o pensamento de alguém que está em época de descobrimento e associação de informações.
Eu penso que se o ser humano é obrigado a seguir coisas que são impostas como o melhor e o mais eficaz (no caso a narrativa escolar atual, segundo o autor Fernando Hernàndez em Catadores da Cultura Visual), tende a ser uma pessoa que não questiona, não soluciona e sem (ou pouca) capacidade de organização de pensamento. Para mim é isso que as Artes desenvolvem: o senso crítico do indivíduo juntamente com sua expressão de ideias e opiniões que nunca estão erradas, pois uma obra de arte permite ser lida por diferentes ângulos, o que reflete em um posicionamento perante a sociedade em que ele vive.
Em novembro de 2008 tive a experiência de observar uma manhã do Centro de Desenvolvimento da Expressão, segue o relatório:

No dia 18 de novembro eu e Clarissa visitamos o Centro de Desenvolvimento de Expressão para observarmos o andamento de uma aula de artes de ensino infantil. Chegando lá, uma das alunas e a professora me receberam mostrando os trabalhos das crianças. Trabalham com argila, recortes, costura, teatro, música, dança, informática, fazem “livros”, pintam com aquarela, lápis de cor, tinta guache, lápis de cera, etc. Na quinta-feira, dia 20 de novembro, iniciará uma exposição com os seus trabalhos, o que é importante para o reconhecimento da sua arte no espaço e contato com a reação de diversos tipos de espectadores. À medida que foram chegando, as crianças sentavam-se onde queriam e criavam seus próprios roteiros de atividades, indo diretamente à produção. A educadora estimulou a criação e modos de solução o tempo inteiro e manteve a disciplina de todo grupo sem muito esforço. Era notável que todos estavam interessados e não se sentiam pressionados. A turma permaneceu em harmonia e num ritmo desde o início da aula, interagiam entre si permanecendo focados em sua produção individual. Enquanto criavam as crianças viajavam em uma linguagem que é específica de cada um, eles usavam gestos, cantavam, interpretavam e conversavam. Admiravam a produção dos colegas e davam opiniões pessoais. Ao deixar uma atividade eles organizavam, limpavam e deixavam como encontraram o local onde trabalharam. Algumas crianças compuseram músicas e peças de teatro. Descendo a escada vi a oficina de cerâmica. Na produção com argila eles usam estecos e, como as peças são queimadas no forno que está na oficina, a professora ensinou todas as técnicas de cerâmica para que as peças queimem com sucesso. Saindo da oficina de cerâmica vi um pátio, nele algumas crianças jogando bola. O pátio tinha o chão de terra e árvores espalhadas aleatoriamente, lembrando um pátio de casa. Subindo vi a turma dos menores (4 à 6 anos) nos computadores desenhando no Paint. Dominavam o programa. Uma das crianças desenhou dois ursinhos, os outros usavam imagens prontas por escolha própria e desenhavam a partir delas. Na hora de ir embora todos organizaram seus trabalhos com zelo, pois a exposição está próxima.
Concluo nesse relatório que infelizmente não pude observar mais calmamente as atividades das crianças, pois fizeram coisas diferentes aleatoriamente, o que é bom para eles, porém pelo que vi dos trabalhos expostos, a maioria está na fase do realismo intelectual e alguns (2 ou 3, os mais quietos) são um pouco desatentos e fazem desenhos mais gestuais, tentando imitar a figuração dos colegas, nomeando os elementos e fazendo detalhes reconhecíveis.

Relendo meu relatório, acho ele um bom exemplo te outros modos de explorar o tempo e espaço. No CDE o tema, a atividade, os materiais são livres, possibilitando que os próprios alunos construam o seu tempo e dominem seu espaço.

http://cdepoa.blogspot.com/


Problemas Filosóficos

A noção da paridade tempo e espaço é uma das abordagens mais amplas presentes no pensamento filosófico. A bem da verdade, parece lícito dizer desta questão que não é propriamente filosófica, mas, mais exatamente, metafilosófica, na medida em que pode, no ramo do pensamento, propiciar investigações sobre a filosofia. Tal pesquisa permeia toda história do pensamento, podendo ser dividia, ainda que com diversas variantes, em duas vertentes principais, a saber, as do que defendem que os problemas filosóficos são "descobertos" e a dos que defendem que problemas desta natureza são "inventados". Para os primeiros se usa a expressão "filosofia perene"(1), tendo como um dos principais representantes os filósofos Leibniz e Santo Agostinho. Nesta perspectiva de raciocínios também encontramos os defensores da existência de "problemas eternos"; Para os segundos defensores da existência de "atestdos de óbitos" para os mesmos problemas.
As consequências de ambas as teses, bem como das variantes de cada uma delas, não são poucas nem irrelevantes. A imagem causada pela tese de que os problemas filosóficos nos são impostos, apesar de poder ser utópica e poética, pode antes remontar a um ceticismo, segundo o conhecimento é pura ilusão; em contrapartida, a tese contrária faz pura ilusão da filosofia, reduzindo-a a um mero produto do ócio e complicações humanas, sem correspondência com a realidade. Lembrando Wittgenstein, a filosofia, neste último caso, é um meio pelo qual nós, após nos enredarmos em vocabulários específicos, voltamos a utilizar a linguagem comum.
A segunda alternativa parece ser a mais coerente. Isto é patente em quase todas as introduções das grandes obras: a pretensão de fazer um novo método, bem como a de mostrar o erros dos anteriores. Ademais, se a existência de problemas eternos não fosse pura ilusão, deveria haver, mesmo que muito menos que qualquer outra ciência, alguma ciêcia filosófica, onde, assim como em qualquer outro empreendimento humano, diferentes pensadores contribuem para um saber comum. O caso, todavia, é que, para cada pensador há uma filosofia espeífica.


1. http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_perene

O tempo e o espaço da Química na escola


O espaço da Química? Que difícil definir... A Química, por ser uma ciência abstrata, habita o espaço mental, o espaço da abstração. Por um olhar mais prático, a Química - como componente curricular - pode acontecer em qualquer espaço da escola e também fora dela: na sala de aula, na biblioteca, no laboratório de Química, no laboratório de ciências e no de informática, no pátio, no supermercado, em casa... A Química está presente - de maneira implícita ou explícita - em todos os espaços da vida de cada um de nós. Se essa idéia nós conseguirmos passar aos nossos alunos e eles a integrarem ao seu cotidiano, irão entender que o tempo da Química - assim como as outras disciplinas - pode e deve ultrapassar as poucas horas que passam na escola.



http://www.quiprocura.net/quiptabela/
qnesc.sbq.org.br
www.sbq.org.br

Os Espaços da Filosofia



A obrigatoriedade do ensino de filosofia no Ensino Médio, questão atualíssima para nós, indica uma mudança, não só do modo como vemos essa disciplina, mas também do tipo de cidadão que julgamos ser o mais adequado para a vida social, a saber, aquele que é capaz de lidar com problemas com os quais a reflexiva mente humana naturalmente se depara.
De questões existenciais à análise da possibilidade e força do conhecimento humano, passando por debates sobre política, o estudo da filosofia ocupou diferentes espaços ao longo da história; Platão e Aristóteles, por exemplo, tinham em suas Escolas o espaço no qual a filosofia recebia sua expressão máxima, fosse pelo empenho nas investigações, fosse pela possibilidade de livre discussão. Depois de um grande período em que a atividade filosófica ficou bastante dispersa, o surgimento das Universidades na Idade Média restabelece essa atividade como dotada de um espaço, voltando a ser localizada, visível. Com o Iluminismo, perde-se em grande parte a noção de que a filosofia é algo que se desenvolve apenas nas intituições especializadas: uma mudança cultural que passa a encher os salões franceses, por exemplo. Fruto dessa noção expandida de filosofia, como algo que se realiza (entre outros lugares) na Universidade, nasce o modo contemporâneo de se pensar a filosofia e, com ele, o reconhecimento de um espaço diferente para ela: a filosofia está em todos os lugares e, dada sua importância para a formação de cidadãos críticos, ela deve ser inserida dentro das escolas , instituições pelas quais passam todos os membros da sociedade. Este último caso rdiz respeito a nós, brasileiros, que recentemente passamos por um período em que a filosofia perdeu seu espaço (ou foi perdida) por questões ideológicas; visto que esse período passou, nada mais natural do que pensar livremente o tipo de sociedade que queremos e, se for o caso, ver na filosofia um instrumento para obtenção desse fim.


Tempos e Espaços no ensino de Química

E qual é o espaço que não podemos utilizar para ensinar Química? Uma área que explora a natureza, seus fenômenos e partes constituintes é passivel de ser ensinada em qualquer ambiente, dependendo assim da preparação do professor, seus conhecimentos, experiências e possibilidades.

No nosso caso (época/tempo), as possibilidades são várias, mas é tanta coisa que as vezes fica difícil extrair uma informação realmente útil do mar de informações que virou o mundo, ainda mais se formos incluir a web (e não tem como deixar de fora, né?!). Neste sentido seguem algumas dicas de bons sites/blogs de onde dá para tirar idéias bem legais para incrementar as aulas.

Glúon - novidades no mundo da ciência;
De Rerum Natura - fala, como diz o título, "sobre a naturaza das coisas", desde sua composição até as implicações que estas trazem para a nossa vida no mundo;
Humor na Ciência - acredito que seja um velho conhecido de quase todos nós, mas para quem não conhece, é uma opção divertida;
ENEM e ENADE - provas interessantes (para todas as áreas)...

Ainda temos como opções mais abertas, o youtube (vídeos, humm, precisava dizer?), slideserve e slideshare (apresentações em ppt, estes sites também servem de servidores para as apresentações, tu faz o upload no site e pode "embutir" no teu blog) ou ainda fazer uma boa pesquisa em sites de procura.

Sempre que pensamos em buscar informações para aulas de Química o que nos vem à mente são experiências, mas é importante lembrar que atualidades ou usos alternativos de materiais que já conhecemos também são legais e despertam o interesse dos estudantes. E nestes sites indicados tem tudo isso! Bom Proveito! :]

Tempo e espaço biológico

Quando penso em tempo e espaço na área que escolhi, a das ciências biológicas, me vem um turbilhão de possibilidades.
O tempo pode ser este comum, de todos nós, dos desunidos relógios, o cronológico. Pode ser um tempo "organísmico", se pensarmos que cada ser tem seu tempo, tempo de se alimentar, tempo de crescer, tempo de fugir, tempo de interagir, tempo de se reproduzir, e todos os outros tempos inerentes à existência biológica. Ainda podemos pensar num tempo "humano" (não menos biológico), tempo de sermos amorosos, tempo para sermos atenciosos, tempo de estudar, tempo de se aperfeiçoar, tempo para ganhar dinheiro, tempo de virarmos adultos, tempo de assumirmos responsabilidades, tempo de aproveitarmos as oportunidades que o bom emprego do nosso tempo nos renderão. (Relógio de flores de Viña del Mar, disponível em http://www.baixaki.com.br/papel-de-parede/4056-relogio-de-flores-vi%C3%B1a-del-mar.htm).
O espaço na biologia é algo! Algo no sentido de ser algo realmente fascinante. Podemos tratar da luz de uma organela, na microsco
picidade de uma célula, ainda pensar no mar de partículas, infinitamente microscópicas que co-habitam dentro desta mesma. O espaço pode ser todo o volume de um estômago, ou o comprimento da praia, ou a profundeza do mar. O interior de uma flor, a polpa do fruto, um oco de árvore. Uma gruta, um cânion, leito de rio. Tudo isso e muito mais é espaço em biologia, dependendo do critério, do "olho", da escala, do observador. E é isso o mais mágico, o mais fascinante da bio. A Biologia pode ser tudo, basta que seja vivo e já é. Ao lado vista do mar entre a Pedra Furada e o continente (Jijoca de Jericoacoara/CE), foto de Valesca Gomes.

Bibliotecas... tempos e espaços


Se formos parar para pensar no que é uma biblioteca, em seus objetivos e no universo que pode existir dentro dela, podemos perceber o quanto seus tempos e espaços podem ser ricos ou medíocres.

Biblioteca é um espaço onde se conserva, organiza, divulga e disponibiliza informação e cultura. Ou, pelo menos, é o que deveria ser. Algumas AINDA preferem ingorar a parte de divulgação e disponibilização, mas isso, por enquanto, deixa pra lá.

Uma biblioteca, para uma criança deve ser algo divertido, alegre. Para um adolescente, deve representar um espaço cheio de mistérios, novidades e coisas interessantes. Para um adulto, depende do que o adulto deseja... Mas, será que são mesmo assim? Bibliotecas Públicas, Esclolares, Especialzadas, todas têm necessidades e, como consequência, espaços muito diferentes.

INFORMAÇÃO em todos os suportes, e não apenas LIVROS. Esse entendimento é fundamental quando se fala em biblio
tecas em diversos tempos. As primeiras bibliotecas tinham seus acervos exclusivamente de peças de argila. E, hoje, há uma séria preocupação a respeito de um risco de que as bibliotecas desapareçam. Mas não se trata de desaparecer, apenas mudar, mais uma vez.


Breve histórico da Bibliotecas do passado.

Caminhão biblioteca.

Biblioteca no ônibus.

Biblioteca em cima de um burro

Tempo e espaço no teatro

Pra mim, o tempo e o espaço no teatro é variável. Quando falamos em tempo no teatro, podemos nos referir ao tempo de um ensaio para apresentação, tempo de duração de uma peça teatral, tempo de uma aula de teatro, tempo (época, ano) em que se passa a história da peça.
Quando penso em espaço, também acredito na variação. Os espaços podem incluir desde uma pequena sala até a rua, onde temos vários exemplos de espaço: palco italiano, elizabetano, arena, semi-arena, etc.
Se pararmos para pensar metaforicamente, também diria que o tempo no teatro é o amadurecimento do ator, o trabalho aperfeiçoado levando ao desenvolvimento artístico sensível. O espaço é o respeito adquirido em face desse amadurecimento.

Arte na educação: A dificuldade de se impor como disciplina


As artes sempre tiveram muita dificuldade para se impor como disciplina na escola, muito pela mentalidade da escola e muito pelo próprio professor de arte que muitas vezes não utiliza todos os recursos disponíveis que o conteúdo proporciona.
Felizmente esta mentalidade vem sendo modificada devido ao importante trabalho realizado por destacados arte-educadores, essas mudanças colocam as artes num patamar mais elevado no currículo escolar, contudo, isso não basta, é preciso superar outras barreiras como por exemplo, a resistência dos alunos às atividades práticas e a indisciplina, assim como desenvolver a capacidade crítica do aluno em relação ao conteúdo de arte, etc.
Precisamos formar novos cidadãos, mais críticos e conscientes de seu papel na sociedade e as artes podem contribuir muito.

Ensino de Artes Visuais: aproximar para compreender

O aprendizado de Artes Visuais em escolas é sem dúvida um desafio para os alunos e para o professor. Visto que a educação escolar está praticamente por completo voltada para o bom desempenho em um concurso vestibular, o professor de Artes se vê em um ambiente onde sua disciplina não será exigida em um prova, e por isso pode, de forma sem dúvida errônea, ser vista como a disciplina dispensável.

O docente tem então como desafio, romper esse muro que limita a intelectualização de muitos discentes: aprender, estudar para, exclusivamente, ingressar em um curso superior. A aula de artes deve então, seguir um rumo distinto das outras disciplinas. Os alunos são obrigados a estudar matemática, língua portuguesa, ciências, de forma já pré-estabelecida, a meta de ensino deve ser seguida por todos. Entretanto, as artes (não somente as visuais, como o teatro, a música) têm um diferencial: o professor pode ser mais flexível, mais sensível e compreensivo com as necessidade, dificuldades e, principalmente, as curiosidades de seus alunos. A aula deve ser um espaço para experimentação, onde o professor instiga o aluno a se expressar, sem censuras, sem medo. A aula de artes deve ser atrativa das outras. A organização da sala de aula pode ser um começo. Ao invés dos alunos se organizarem, se sentarem, como nas outras disciplinas -carteiras enfileiradas - e com a formação natural do grupo que fica na frente e o grupo que fica no fundo- o professor de artes pode propor um círculo ou, o que pode ser ainda mais interessante (mas também depende do espaço), os alunos podem sentar no chão.

Como já mencionei, os alunos estão cada vez mais cedo se voltando para o vestibular. O docente em artes deve então fazer de sua disciplina, também, um ambiente para a intelectualização. Esse pode apresentar aos alunos os movimentos artísticos e provar que eles tudo têm a ver com os acontecimentos históricos. Seria ainda mais recomendado se esse trabalho fosse desenvolvido com o professor de história.

O que também penso ser dever do professor de artes, é aproximar a Arte do mundo, do universo dos alunos. O professor tem como função romper a barreira de que a arte é incompreensível, abstrata, elitista. Esse é um trabalho de médio e longo prazo e pode ser trabalhado com visitas frequentes a museus, galerias, monumentos históricos e, principalmente, o professor pode utilizar a street art como um aliado para romper esse conceito pré- estabelecido.

A arte pode também se aproximar dos alunos sendo ela a continuação (ou desenvolvimento) do que que eles já conhecem, já manuseiam, já trabalham. A fotografia digital é um excelente exemplo. O discente pode utilizar suas digitais, seus celulares para desenvolver fotografias artísticas. Enfim, o professor pode mostrar as inúmeras formas de como a fotografia pode ser trabalhada. Trabalhando com pinhole (câmera fotográfica de lata), a compreensão do processo pode ser acompanhada por um professor de física.

Enfim, penso que a aula de artes tem uma infinidade de formas de ser trabalhada. Deve ser encarada pelo professor como um ambiente onde os alunos seguem seus instintos, suas particularidades. Isso faz dessa disciplina a mais fascinante, a mais instigante. As regras devem ser flexíves para justamente haver possibilidade de transgressão e, sem dúvida, para queos alunos descubram uma nova forma de se expressar.

Sobre o Tempo...

Refletindo sobre o tempo no teatro percebi que podemos analisar a partir de deferentes pontos de vista.

Podemos pensar no tempo de duração de uma aula. Frequentemente ouvimos as reclamações de que o tempo disponível às artes no geral mão é satisfatório. Isso se agrava no teatro, visto que é preciso uma preparação do corpo e da mente até iniciarmos um trabalho. Muitas vezes usamos uma aula inteira apenas nesse preparo.

Por outro lado, penso
ser o teatro um mágico do tempo. Temos o poder, ou a pretenção, de condensar ou expandir o tempo. Uma peça pode acontecer durar o tempo de 60min e nos contar séculos de história. Ou em 5hs contar os acontecimentos acontecidos em 30min.





DROPS TEATRAL
Uma Tragédia Grega durava cerca de 4hs, mas o "tempo dramático", tempo em que a história se passa, é entre o nascer e o pôr-do-sol. O espaço usado para as apresentações era essa semi-arena. Quem já visitou a Grécia garante que a acústica é perfeita, isso pode explicar o fato de mais de 20mil pessoas assistirem às apresentações e os atores não usarem microfones.

Teatro Grego, em Atenas












Além disso o teatro pode ser capaz de, em alguns instantes, nos teletransportar para um tempo passado ou futuro, brincando também com o espaço. Inventando ou recriando espaços.

O teatro é o jogo tempo-espaço. Através dele somos levados a compartilhar e vivenciar de maneiras diferentes
outros tempos e outros espaços.





Espaços e Tempos na Arte Dramática

As noções de tempo e espaço são estudadas em diferentes áreas do conhecimento: na Filosofia, na História, na Geografia, na Matemática, na Arquitetura, nas Engenharias, e em muitas outras áreas. Nas Ciências Humanas, como no Teatro, o tempo e o espaço são dois conceitos fundamentais, e podem ser analisados sob vários aspectos: psicológico, sociológico, etnológico, histórico e geográfico.



Sendo tão importantes esses conceit
os, é assim que o teatro tenta compreender como se organizam os diferentes espaços, pois isso significa aprender o espaço. O teatro em suas interpretações e em seus estudos pensa os espaços de maneira física e psíquica, assim como se apropria do tempo cronológico para contextualizar historica e geografiacamente as suas ações.
Na escola, nas aulas de teatro, nas ruas e até mesmo em casa é preciso oferecer as crianças, que começam a compreender noções de espaço, oportunidades para que elas possam observar e analisar relações espaciais e temporais que cada ambiente oferece, pois assim a compreenção desde torna-se mais clara.
Entretanto falar de tempos e espaços na arte dramática não é tão simples assim. Tempo e espaço são conceitos de extrema importância, além de básicos e complexos. No teatro tempo e espaço são relativos, pois toda ação dramática é percebida de modo diferente por cada indivíduo que põe-se como espectador. Sendo assim, uma mesma ação pode ser interpretada e compreendida inúmeras vezes de diversas e diferentes maneiras. Uma ação gera também uma noção de tempo diferente em cada espectador, assim como cada espaço que não seja previamente definido através de recursos como a fala, pode ser compreendido de inúmeras maneiras, como por exemplo, o que para um espectador parece ser uma janela, para outro poderá ser uma televisão.




Se persarmos historicamente, também veremos que desde o início da história da arte dramática, as noções de tempo e espaço estiveram muito presentes. Cada estilo e gênero teatral apropia-se de um espaço e de tempos diferentes. As unidades de tempo e espaço caracterizam gêneros e estilos teatrais em todos os cantos do mundo.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Texto

Quero compartilhar com vocês um texto da Regina Machado que li no capítulo 3 do livro A Imagem no Ensino da Arte da Ana Mae Barbosa. O texto pode ser lido do ponto de vista das diferentes áreas, então espero que aproveitem, tem a ver com nossas discussões em aula.

Que possibilidade o nosso sistema educacional oferece ao adolescente de exercer uma consciência interrogante? Acho desnecessário responder a esta questão, todos sabemos o quanto uma criança, desde mais ou menos sete anos, já está "formada" pelos padrões da lógica do certo e do errado, o quanto suas possibilidade de perguntar sobre o que pode ser estão enquadradas em regras preestabelecidas. Daí pra frente ela busca sempre aceitar, guiando-se pelo que "parece estar de acordo" com o mundo adulto, pelas exigências exteriores do "vencer na vida". O momento da adolescência me parece crucial como oportunidade para que a escola preencha de significação essa revelação da existência como algo particular, intransferível de que fala Octavio Paz. É preciso que o adolescente tenha a possibilidade de se apoderar do ser único que ele é, das suas aptidões, sonhos, angústias e indagações; penso que isso ele pode conseguir se puder EXPRESSAR ou construir, de forma significativa, a reflexão sobre o seu "assombrar-se de ser". É preciso ter espaço e condições que permitam, se eu tenho quinze anos, confrontar-me com quem eu sou enquanto individualidade, no momento em que eu a descubro como minha. Além da voz, que me diz o tempo todo como eu devo ser, como devo vestir-me, comportar-me, o que devo dizer, o que devo escolher, é preciso que me seja permitido escutar uma outra voz que pergunta dentro de mim o que eu PODERIA ou GOSTARIA de ser. É preciso enfim que eu possa IMAGINAR. Quero dizer, imaginar não no sentido pejorativo que esta palavra tem cada vez mais na nossa sociedade, ou seja, o de produzir ilusões, fantasias, “gostaria de ser uma princesa” etc. Mas falo da função primordial da imaginação, que é a de possibilitar ao indivíduo perguntar-se sobre o que pode ser, livre das amarras do certo e do errado, para que aquilo que é real seja significativo para quem pergunta. O real deixa de ser rígido preestabelecido para sempre e passa a ser algo que possa olhar de vários ângulos para encontrar a melhor forma de compreendê-lo.
O que o processo da socialização faz com a imaginação? A criança pequena entra na escola e encontra o olhar complacente do adulto: ”que lindo o seu desenho, olhe só que imaginação que ‘criatividade’, como é interessante seu jeito diferente de perguntar”. Isto, na melhor das hipóteses, quando encontra um adulto “sensível” ao “mundo infantil”. Então aí a Imaginação está bem, afinal, dizem, a criança ainda “não sabe pensar direito”, a fantasia estrutura o ser da criança, é sua forma de relacionamento com o mundo. Ela precisa brincar – quando deixam, é claro – também desenhar, ouvir estórias; ainda não está na hora de ESTUDAR. No 1º grau, tudo muda: a seriedade dos números, palavras, regiões do mundo, corpo humano invade os espaços ocupados até então pela Imaginação.
Tais informações poderiam e podem conviver com a Imaginação, de muitas formas. Mas, em geral, o que acontece é que a razão e a imaginação são colocadas em compartimentos separados e estanques, até mesmo pelas tentativas modernas de juntá-las: o desenho da caravela junta-se à matéria sobre desenvolvimento do Brasil, ou coloca-se em dramatização o texto da aula de português. Mas trata-se de uma relação mecânica e não orgânica como poderia ser. Isto se dá por um desconhecimento da complementaridade que existe entre a razão e a imaginação em todo o processo genuíno de aprendizagem.
Pior do que isso, tal desconhecimento gera uma desinformação muito grave na visão que se tem da imaginação, relegada aos artistas, aos loucos e às crianças. Muitos autores chegam a discutir o perigo de incentivar a atividade imaginativa no sentido de que ela poderia impedir a atuação do indivíduo no mundo: a fantasia “tira” a pessoa da realidade, deixa-a “sem recursos” para enfrentar os problemas concretos que a vida apresenta. Não há dúvidas que existem mecanismos neuróticos, doentes, que isolam determinados indivíduos em uma fantasia exacerbada, na qual eles se refugiam por se sentiram incapazes de lidar com a realidade.
Mas a alienação não se produz apenas pela fantasia. E a fantasia não se reduz à a alienação. Esta apenas é um mau uso de uma faculdade humana que existe justamente para promovera afirmação do homem enquanto ser criador, para mostrar diferentes ângulos possíveis, de uma realidade que a lógica apresenta de uma só forma.
Antigamente, nos povos tradicionais, o momento da adolescência era marcado por ritos de iniciação, que tinham a função precisa de introduzir o indivíduo na SIGNIFICAÇÃO de ser adulto. A visão de mundo daquela sociedade estava expressa em símbolos compartilhados por todose tal conhecimento era transmitido ao adolescente através de rituais que o faziam passar por duras provas, marcavam-no, escreviam, às vezes no seu corpo, na sua mente, o modo como aquele grupo humano entendia seu estar no mundo.
Na nossa sociedade, o adolescente recebe REGRAS e não SIGNIFICAÇÕES. Ele deve aceitá-las para poder se transformar num cidadão bem-sucedido. Edmund Burke Feldman fundamenta sua teoria e método da arte-educação na necessidade que hoje temos de ritualizar nossas crises de confronto com a vida, durante várias etapas do nosso crescimento. Segundo Feldman, só existe crise de adolescência em nosso mundo, porque tal crise não é RITUALIZADA por nenhum rito de passagem. A arte então cumpriria um importante papel nesse sentido, possibilitando ao indivíduo, através de sua expressão, confrontar-se com suas crises.
Acredito que a arte tem, de fato, uma função específica nesta fase da vida do indivíduo, em que ele deixou de ser criança, em que se vê como consciência interrogante e ainda não é adulto. Comecei falando da Imaginação porqu ela é indissociável da atividade artística, uma não existe sem a outra. A primeira considerei a imaginação como potencialidade humana fundamental para qualquer idade ou atividade; não existe pensamento genuíno sem imaginação. Toos os relatos dos grandes cientistas, como por exemplo Poincaré ou Einstein, falando de seu trabalho, mostram o quanto a imaginação e intuição estão na base de qualquer investigação científica. Para chegar a uma verdade nova, que contribua para o avanço da ciência, o investigador precisa arriscar, perguntar, transgredir o que já está dado como certo, como logicamente possível. Se passamos pelo plano dos cientistas, pequena parcela da humanidade, para todos os outros sers humanos, o fenômeno é o mesmo. Um adulto equilibrado, que seja capaz de resolver satisfatoriamente os problemas que a vida que apresenta, necessita não apenas do pensamento lógico, mas também da intuição e da imaginação.


Regina Machado, “AHC ED ASAC: uma Reflexão sobre a Função da Arte no Magistério” 1988, texto manuscrito.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Aulas de Marie Curie


Dei uma olhada pelo blog e tem muuuitas coisas legais, assim como dicas de livros... Resolvi postar uma das minhas leituras de férias, o livro é ótimo, fala sobre educação em ciências, mas para quem não é da área também é interessante, pela forma como Marie ensina seus pupilos, a abordagem dela é super atual.

Sinopse: Baseadas em anotações de Isabelle Chavannes, aluna de Marie Curie, estão reunidas aqui dez lições de física elementar, ministradas pela cientista durante os dois anos de funcionamento de uma cooperativa de ensino, criada por ela e outros intelectuais em 1907. Na cooperativa as crianças tinham contato com várias disciplinas ministradas de acordo com uma pedagogia moderna. Pioneiras na época, as aulas de Marie Curie são, ainda hoje, vistas como uma grande contribuição para o ensino e aprendizado da física elementar.

E para quem quiser dar uma espiada no livro >> Aulas de Marie Curie: Anotadas por Isabelle Chavannes em 1907

quinta-feira, 5 de março de 2009

Escolas matam a criatividade?


Seguem abaixo dois links para um vídeo (18 min no total) sobre educação, penso que se encaixam na discussão que tivemos na aula de terçafeira, os vídeos são sobre uma palestra do TED (Technology, Entertainment, Design) de 2006.
Eles são em inglês mas estão legendados...
O título da palestra é "Escolas matam a criatividade?" de Ken Robinson.

Parte 1

Parte 2

terça-feira, 3 de março de 2009

Novos tempos e espaços em 2009



4 turmas já passaram por esse blog. 2009 começa cheio de expectativa com as novas idéias, novos debates, novas articulações em torno dos tempos e espaços escolares que nos desafiam tanto.


Quais as fronteiras que a escola precisa ainda atravessar? Quais os tempos e espaços possíveis ( e impossíveis ) para a escola?


Que nesse semestre a nova turma deixe esse blog repleto de novas idéias!